CONTRA A REAÇÃO

Por Zizo Mamede

O pensamento reacionário avança pelo país, com uma militância vigorosa, principalmente após as grandes manifestações que sacudiram as ruas a partir de junho de 2013. O “gigante que acordou” voltou-se para um passado que parecia ter ficado para trás. Certamente não era esse o desfecho esperado pelos novos e velhos movimentos que afloraram nas imediações da Copa das Confederações.

Quem diria que os levantes progressistas – dos Sem Teto, do Passe Livre, da Mídia Ninja, das Vadias, do Reaja ou Será Morto (a), do Direitos Urbanos, do “ocupe” isso, “ocupe” aquilo, “ocupe” aqui e acolá – perderiam as ruas para a turma que defende as bandeiras da Reação? Da redução da maioridade penal, do golpe do impeachment, da homofobia, da criminalização do aborto e das drogas, do olhar udenista para a corrupção, da terceirização, do ódio?

As Ruas de Junho de 2013, por vias tortas, despertou a Reação que estava incubada, latente … A Reação acordou e está em todos os lugares. Na grande mídia tem seus porta-vozes. Na Justiça tem seus vassalos, posando de heróis. No Congresso, é maioria. Nas ruas veste o verde-amarelo da CBF. Nos estádios manda a presidenta “tomar na bunda”. A Reação não conversa nem argumenta. A Reação grita, berra, espuma, encoleriza.

Mas, a Reação não é fenômeno gestado recentemente. Seus embriões estavam congelados nos acordos da elite brasileira que nunca aceitou mudanças com ruptura, a exemplo da arrumação para substituição segura e gradual do regime militar pela Nova República. Ninguém entre os criminosos e assassinos da Ditadura Militar pagou pelo que fez. A impunidade dos artífices da Ditadura – nenhum torturador foi preso, nenhum algoz. O crime sem castigo contra a democracia é um mau exemplo a ser seguido pelos militantes da Reação.

A Reação sobreviveu a primeira grande mudança de comando político no país em mais de um século de República: Com a eleição de Lula, o presidente operário cuidou da vida do povo, mas não tocou no passado político obsceno do país. Dilma, que mais ousou, fez no máximo a Comissão da Verdade. Na era de Lula e de Dilma nada se aprofundou no sentido de democratizar a sociedade e a própria democracia. A Reação hibernou, tranquila. A oligopolização da mídia ficou intocada. O poder econômico obteve em 2014 a sua vitória mais retumbante. O Brasil herdou uma segurança pública militarizada.

O que temos hoje é uma sociedade fascista na ordem democrática. Os retrocessos vistos na política, com a eleição do Congresso Nacional mais conservador dos últimos 30 anos, agora avançam para o mundo do trabalho com a legislação da terceirização e precarização, bem como para o sistema de segurança e justiça com a acolhida da redução etária para a maioridade penal. Outros ataques virão se essas medidas reacionárias prosperarem.

É urgente reagir à Reação, antes que seja tarde. A proposta, até aqui alinhavada timidamente, para a formação de uma frente política de esquerda, progressista, democrática e popular para reagir ao avanço da Reação é viável, como ficou demonstrado no segundo turno das eleições de 2014 que garantiu a reeleição de Dilma. É preciso unir forças para resistir e derrotar a Reação, antes que seja tarde.

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