Lula é o próximo alvo de Moro, diz jurista em Dourados

O jurista Luiz Flávio Gomes, presidente do Instituto Avante Brasil, disse ontem que depois da prisão de Eduardo Cunha, o próximo alvo do juiz Sérgio Moro é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula). Flávio Gomes esteve em Dourados ontem para ministrar a palestra “Os donos cleptocratas do poder e a Lava Jato”, durante o III Congresso de Ciências Jurídicas, promovido pela OAB 4ª subseção.

Luiz Flávio Gomes comentou sobre a prisão de Eduardo Cunha e destacou os próximos passos da Operação Lava Jato. Segundo ele, existe uma alta probabilidade de Moro decretar a qualquer momento a prisão do ex-presidente Lula. “A única coisa que está faltando para o juiz tomar essa decisão é Lula tentar obstruir de alguma forma o trabalho da Justiça nas investigações como ligar para alguém, tentar destruir uma prova, tentar mexer em conta bancária, por exemplo. O minimo motivo que o Lula der, Moro manda prendê-lo na hora”, destaca.

Cunha Em relação a prisão de Eduardo Cunha, Luiz Flávio Gomes disse que é uma decisão retórica. “Não existe algo concreto, até o momento. Por exemplo, não se tem notícia que Eduardo Cunha tenha destruído provas ou tentado obstruir as investigações. Tudo o que justificava a prisão dele ocorreu no passado quando o procurador geral Rodrigo Janot pediu seu afastamento. Ali vários elementos como ameaças ao relator da comissão de ética, justificavam sua prisão. Naquele período havia vários motivos, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki não decretou a prisão. Diante disso, Moro recupera todos os argumentos daquela época e diz que o poder do Cunha não se esvaziou, que ele é poderoso e que continua com redes de influência e que usa métodos de intimidação. É disso que o Moro está se valendo, ou seja, de suposições, ele não tem nenhum fato concreto. Por outro lado Cunha tem muitos poderes e a prisão pode impedir que ele cometa crimes e que ele fuja do país, até porque ele tem dupla nacionalidade”, destacou. “Mas existe também a possibilidade do juiz saber de informações que ainda não foram divulgadas. Se for retórica, o supremo revoga a prisão, como já fez em 11 prisões de Moro”, disse.

Novos Alvos

Segundo Luiz Flávio Gomes, depois do PT, três partidos já devem sentir os reflexos da Lava jato. São eles o PP, PMDB e um resquício do PSDB. “Quem dividiu a roubalheira da Petrobrás foram esses partidos. Para o procurador geral, Rodrigo Janot, os três são uma única organização criminosa. Agora é a hora de pegar essa turma”.

Lava Jato

O jurista não tem dúvidas de que a Operação Lava Jato é um “divisor de águas” no Brasil e acredita que ela terá desfecho diferente do que aconteceu na Itália com a operação “Mãos Limpas” em que depois da prisão de mais de 3 mil pessoas, o país voltou a sofrer com onda de corrupção. “Há semelhanças entre as duas operações, mas os desfechos serão diferentes. Na Itália Silvio Berluscone tinha todo o poder midiático na mão. Ele usou a mídia para tirar o apoio popular da operação e aprovou lei de anistia. No Brasil, Michel Temer não tem o poder da mídia e não tem força de aprovar uma lei de anistia. Então, por hora, as condições são distintas. Logo a operação Lava Jato terá vida e a Mão Limpas não”, destaca.

Segundo ainda o Jurista a Lava Jato está colocando limites em empresários e políticos envolvidos em operações fraudulentas e atribui essa nova era de punições a pessoas como o juiz Sérgio Moro e o ex-ministro Joaquim Barbosa. “O que desencadeou essa mudança no país foi a postura de pessoas, não de instituições, que no Brasil são programadas para proteger e acobertar a roubalheira das castas. tanto que o judiciário é extremamente moroso. Individualmente as pessoas fazem a diferença. Joaquim Barbosa no Mensalão e Sergio Moro na Lava jato, fizeram toda a diferença. Elas são individuais e no caso da Lava Jato não foi uma decisão do judiciário brasileiro como instituição, mas sim de Moro. Ele é uma nova e grande liderança no país que tem uma visão distinta das elites que até então acreditavam na impunidade total. O Moro tem outra visão”, conta, observando que o juiz vem fazendo um grande trabalho mas deve ter cuidado para não cometer deslises. “Ele deve seguir o que diz a lei”, acrescenta.

Mudanças

Duas são as mudanças que o jurista defende que vão além da Lava Jato. “A proibição de empresas financiarem campanhas políticas foi um grande avanço que teve como base a operação. No entanto alguns aprimoramentos na Legislação são necessários. É preciso criar um crime específico para o caixa 2 com punição rigorosa. A segunda mudança seria fortalecer e dar autonomia para as instituições para que elas funcionem. O Brasil é o 4º país mais corrupto do mundo e temos que mudar isso com alterações urgentes na Legislação. A lava jato é o ponta pé inicial. Ainda há muito o que se fazer”, conclui.

O Progresso

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