OS PARTIDOS E SEUS DONO

Por Ramalho Leite

Para um deputado do Democratas-DEM, o seu partido não passa de um Departamento de Efraim Morais. O partido, na sua visão, só serviria para abrigar a família Morais. A reação vem a propósito da recente nomeação de um filho do presidente da legenda para gerir importante empresa estadual, e na manutenção do cargo antes ocupado pelo próprio. Parece até que outros membros do partido não estiveram, até bem pouco tempo, a ocupar posições na estrutura administrativa do Estado. Nada mais natural a permanência dos Morais. Quem apoia o Governo deve fazer parte dele.

Mas na Paraíba, como alhures, também, é a coisa mais natural do mundo os partidos terem donos. O outrora aguerrido PMDB de Ulisses Guimaraes, até bem pouco tempo era propriedade indissolúvel de Maranhão e de seus sobrinhos. Hoje esse pedaço do latifúndio partidário é partilhado pelos Vital do Rego – mãe e filhos. Os herdeiros naturais da legenda, na linha sucessória de Humberto Lucena- Iraê e Haroldo, foram postos para escanteio.

O Partido Popular-PP, propriedade intransferível de Enivaldo Ribeiro e presente de Paulo Maluf desde priscas eras, tem apenas nos dois filhos do presidente, seus coproprietários. Os deputados Agnaldo e Daniela Ribeiro se revezam ocupando o tempo de TV da legenda, sem ingerência de outros próceres populistas.

Por outro lado, o Partido da República-PR, desde seu nascedouro na pequenina, nunca deixou o patrimônio eleitoral do deputado Wellington Roberto e seus filhos, um dos quais, Caio Roberto é deputado estadual e o outro, participou da chapa derrotada nas eleições de Campina. São eles os autores, segundo a propaganda do partido, das maiores obras da Paraíba, inclusive, uma anunciada duplicação da BR-230 até Cajazeiras.

O PTB- Partido Trabalhista que nasceu com o getulhismo, teve sequencia com Jango e depois foi tomado de Brizola, na Paraíba, até bem pouco tempo, tinha outros donos. Era de Armando Abílio e seus genros. Quando o nosso Abílio perdeu o mandato, lhe surrupiaram a legenda e passaram sua escritura para outro grupo familiar. Responde pelo espólio de Getúlio Vargas, mesmo sem constar da Carta Testamento, o ex-senador Wilson Santiago e seu filho homônimo, deputado federal, que, juntos, tentam a vaga de senador em qualquer chapa desde que a “família trabalhista” seja atendida.

O PDT- legenda dada a Brizola como premio de consolação por ter perdido o PTB, já foi propriedade dos filhos de Damásio Franca. A executiva do partido se reunia diariamente no café da manhã na casa herdada do patriarca. Sem mandato, Chico Franca cedeu sua posse ao deputado Damião Feliciano e filho. A política do “coração prá coração”, preside os destinos do trabalhismo democrático entre nós.

Os sobrinhos de Maranhão, antes cotistas do PMDB, tornaram-se independentes e hoje os deputados Benjamim e Olenka Maranhão são os donos do Solidariedade.O PMN desde há muito pertence a Lidia Moura e Bala Barbosa. Outros líderes partidários, não dividem nem com parentes o partido que lhes coube. Maria da Luz, manda no PRP. Sargento Denis é absoluto no PV. Os deputados Jutahy Menezes, Tião Gomes e Genival Matias, reinam no comando do PRB, PSL e PT do B, respectivamente.

O que parece exceção, também é regra: o PSB tem um coletivo que ninguém vê e um chefe que todos obedecem. O PT se divide em correntes que não conseguem amarrar ninguém, e lá, todos mandam e ninguém obedece. O PSDB , que já foi de Cícero, pertence a Cassio e é gerenciado por Ruy Carneiro. Antes que me esqueça, o PSD é um casamento em comunhão de bens entre Rômulo e Eva Gouveia. O PEN, o meu espaço acabou…

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