PARA ALÉM DO GOLPE

Por Zizo Mamede

Após dois anos de ataques intensos aos governos de Dilma e de Lula, ao PT e a PETROBRAS, vai se desmascarando os propósitos do estado maior que comanda o Golpe de 2016 no Brasil.

Não é um golpe apenas para tirar o governo eleito do poder, criminalizar o PT e tentar aprisionar Lula ou inviabilizar uma possível candidatura em 2018. Não é um golpe sintonizado apenas com a agenda eleitoral para derrotar Haddad em São Paulo e o campo progressista em geral.

Não é um golpe apenas para abocanhar fatias cada vez maiores do orçamento público federal pela via da dívida pública, sonegação fiscal e verbas publicitárias.

Não é um golpe apenas para esvaziar a Lava Jato após a almejada destruição do PT e impedir novas delações premiadas. Afinal, como falou sinceramente o prefeito eleito em São Paulo, “nenhum tucano será preso”.

Não é um golpe para moralizar a política e a república. Afinal, os dois partidos com o maior número de políticos corruptos no país, o PMDB e o PSDB, foram os mais vitoriosos em 2016.

Não é um golpe para barrar a crise econômica e o desequilíbrio fiscal do governo. A economia do país só piorou e as contas públicas estão cada vez mais deterioradas sob a batuta de Temer.

As consequências mais nefastas do Golpe de 2016 estão se revelando. Esta em jogo uma agenda de retrocessos no país, a começar pelo crescente descrédito e esvaziamento da democracia representativa. – Quem mais prevaleceu nas recentes eleições municipais foram o voto em “ninguém” e o abuso do poder econômico.

A agenda golpista arreganha os dentes e mostra as garras. O governo sem votos, em conluio com parlamentares golpistas, avança no propósito de congelar os gastos nas áreas sociais: saúde, educação e proteção social.

O governo golpista avança para desmantelar a rede de proteção social construída nos governo de Lula e Dilma. Na agenda do desmonte está a reforma retro-conservadora da Previdência Social.

O governo golpista avança na dilapidação do patrimônio nacional, com a entrega do Pré Sal às multinacionais. Da mesma escola, o prefeito eleito na pauliceia desvairada anuncia a privatização de parques públicos e de avenidas onde serão cobrados os pedágios.

O governo sem povo ajoelha o país ante o FMI (Fundo Monetário Internacional), que passa a receita: aniquilar a política salarial dos governos petistas. O mote é conter a redistribuição de renda, achatar salários e ampliar os ganhos do capital.

O retrocesso avança com a violência escancarada da polícia contra as manifestações políticas e os movimentos sociais. A criminalização do PT não é suficiente.

Criminalizam qualquer aspiração por mais justiça social e mais democracia.

Aprofunda-se a judicialização da política e o Estado de exceção judicial – bem entendido, contra o campo democrático e progressista. Tudo sob o manto da mais perfeita “normalidade institucional.”

Prender Lula e seus ex-ministros faz parte do espetáculo inquisitorial. Entorpece trouxinhas ávidos. – Midiotas: na superfície veem o PT. O golpe é mais embaixo.

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