PARAIBANOS NO TCU (2)

Por Ramalho Leite

Tendo a honra de ser lido pelo confrade Gonzaga Rodrigues que, inclusive, abandonou a máquina Olivetti, aderiu ao computador e descobriu também o email, recebi dele uma corrigenda da minha ultima coluna. Lembra ele que José Américo de Almeida não exerceu o mandato de deputado federal. Na verdade ele foi eleito deputado federal mas foi depurado. Naqueles idos os eleitos passavam por uma comissão de reconhecimento e sendo da oposição, mais fácil não serem reconhecidos. Foi o que aconteceu com a bancada paraibana da qual fazia parte José Américo. Vigorava a famosa degola.

Tratei na ocasião dos paraibanos que exerceram o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União e que haviam passado pelo Senado Federal. A ordem de nomeação foi a seguinte: Cunha Pedrosa, Verniaud Wanderley, José Américo, João Agripino e daqui a pouco, Vital do Rego. Entre José Américo e João Agripino, o presidente Dutra nomearia seu ex-chefe da Casa Civil, José Pereira Lira. Nascido em Cruz do Espírito Santo, Pereira Lira tentou chegar ao Senado, sendo, porém, derrotado por Ruy Carneiro, no memorável pleito de 1950 que elegeu Américo governador em detrimento de Argemiro de Figueiredo. Pereira Lira foi deputado constituinte em 1934.

Essa campanha (1950) mexeu com os paraibanos e jamais seria esquecida em virtude do comício da Praça da Bandeira, em Campina Grande, que terminou em tragédia com mortos e feridos. Um show de Luiz Gonzaga, que cantaria pela primeira vez “Paraíba, masculina, mulher macho, sim senhor”, teria sido patrocinado por Pereira Lira. Os lenços brancos de Zé Américo e os amarelos de Argemiro ostentavam o pescoço dos seus correligionários. Até em Bananeiras essa rivalidade chegou dividindo famílias e separando irmãos. Exemplo disso foi contado por Maurilio Almeida: dona Donana, sua avó, portanto sogra de Pedro de Almeida seu pai e candidato a deputado estadual, era irmã de Dona Dondon, avó de Clovis Bezerra, candidato dos amarelos. Certo dia, ao voltar da missa dominical, dona Donana avisou que não mais visitaria sua irmã Dondom, enquanto perdurasse a campanha política. E a razão foi explicada:

– Ela não está nem um pouco resfriada mas usou um lenço amarelo para assoar o nariz, só para me afrontar…

Mas voltando ao TCU. Sua presidência acaba de ser ocupada pelo ex-deputado Aroldo Cedraz, que conheci na Câmara dos Deputados e depois fui ao seu encontro no interior da Bahia, quando exercia a diretoria de credito rural do Banco do Nordeste. No domingo, em Salvador, enquanto aguardava a partida para Ourolândia, assisti pela TV o acidente que vitimou Airton Sena. Primeiro de maio de 1994.

Em um pequeno avião chegamos a Ourolândia onde assinei contratos com uma cooperativa local beneficiando pequenos empreendedores, através do programa de Geração de Emprego e Renda do BNB. Dia de feira, uma multidão fora aguardar o deputado e o diretor do banco, no campo de pouso. Era ano de eleição e ele seria candidato em outubro daquele ano. Fosse nos dias de hoje, seríamos réus em uma investigação judicial eleitoral. Por menos do que isso estão transferindo para os tribunais os resultados das urnas.

Na cidade de Jacobina, uma urbe cercada de serras que muito lembra Bananeiras, fui recepcionado com um almoço, onde lideranças politicas e empresarias da região de atuação do deputado fizeram questão de comparecer. Um friozinho de maio aumentou minha saudade do brejo. Será o meu estimado Aroldo Cedraz que vai dar posse ao paraibano Vital do Rego Filho.

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode gostar