PODEM APOSTAR

Por Sérgio Bezerra

Como grande parte dos brasileiros, fiquei triste e comovido com a perda do político Eduardo Campos, só não entro no jogo do endeusamento e nem cravaria que o ex-governador de Pernambuco fosse a solução para todos os males do Brasil. Mas, com certeza, o Nordeste perde sua maior aposta – e o país, um dos seus melhores quadros numa hora decisiva.

Em termos gerais, Eduardo e Marina não propagavam uma mudança nas ações prioritárias do Governo Federal. Apenas sustentavam que fariam melhor. Aliás, Eduardo, que foi ministro e interlocutor direto do ex-presidente Lula, até por coerência, não o criticava (pelo contrário, enaltecia as ações do ex-presidente), mas baixava o pau no modo de governar da atual presidenta e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, com a qual dizia divergir profundamente na execução das ações. Apenas isso.

Eduardo ainda acenava, no âmbito nacional, para mudanças profundas no trato com o Legislativo, prometendo que, no seu governo, figuras como Sarney, Renan Calheiros, Collor e Jader Barbalho sentiriam o gosto de ser oposição. Fato que certamente atrairia os jovens eleitores para o seu projeto.

O estranho é que, em Pernambuco, fez aliança com Severino Cavalcante e Jarbas Vasconcelos – o mesmo que traiu seu avô Miguel Arraes para se aliar aos herdeiros da ditadura militar em Pernambuco, provocando a primeira derrota na história política do velho guerreiro. Ou seja, como todo político em campanha, Eduardo Campos também prometia o que não podia cumprir, até porque, com tantos interesses em jogo, nenhum governante no mundo consegue governar com minoria no legislativo.

Com a prematura saída de Eduardo e a entrada em cena de Marina Silva, também ex-ministra de Lula, o quadro tende a melhorar eleitoralmente para o PSB. Não porque a substituta seja mais capaz do que o antecessor, mas apenas e unicamente pelo fato de ela ser mais conhecida e possuir o charme de defensora do meio ambiente. A meu ver, Eduardo Campos era bem mais capacitado para governar o Brasil do que Marina Silva.

Contudo, o fato positivo da força eleitoral de Marina Silva é que, desta vez, a bandeira do neoliberamismo propagada por Aécio Neves (a qual tanto PSB de Eduardo quanto a Rede de Marina abominam), tende a ser enterrada logo no primeiro turno. Feito que só não acontece se a revista Veja, o Estadão ou o Jornal Nacional criarem um factóide em desfavor de Marina Silva. Podem apostar.

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