O ex-secretario executivo de Turismo do Estado, Ivan Burity, investigado na Operação Calvário, revelou, em acordo de delação premiada, detalhes do funcionamento da organização criminosa desmantelada pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB). Trechos do depoimento se tornaram públicos durante o fim de semana. Ele falou sobre Livânia Farias, Gilberto Carneiro e Edvaldo Rosas.
“Ela (Livânia Farias) gostava de ser poderosa”, disse Ivan Burity Burity, sobre Livânia Farias. Na delação, ele diz que não sabe ao certo o tamanho do patrimônio construído pela ex-secretária de Finanças, mas afirma ter se surpreendido com ostentações de veículos de luxo e alertado Livânia sobre os riscos.
“Me chocava chegar lá e encontrar uma BMW no estacionamento da secretária. Por vezes, uma Mercedes. E eu cheguei a dizer a ela: tu não tem televisão em casa não?. Lava Jato com a mulesta e você deixar o carro oficial em casa e parar no estacionamento da secretaria uma BMW num dia e no outro uma Mercedes? Eu disse: rapaz, vou te dar uma televisão de presente, porque acho que tu tá assistindo pouco“, relatou Burity, acrescentando que Livânia minimizava o ‘conselho’, chegando a perguntar se ele estava “ficando frouxo”.
Gilberto Carneiro
“Eu ouvi falar de terra na Bahia”, citou Ivan Burity, ao ser questionado se o ex-procurador-geral do Estado, Gilberto Carneiro, também dava sinais de enriquecimento. No entanto, o ex-secretário executivo de Turismo preferiu manter certo distanciamento do assunto. Segundo ele, por não ter informações realmente precisas. “Mas nunca vi essa montagem de patrimônio. [De ver que ele] comprou isso ou comprou aquilo. Não vi. Eu sabia da história jurídica, que ele tinha um escritório”, ponderou.
Edvaldo Rosas
Ivan Burity relata que foi orientado por Edvaldo Rosas, ex-presidente do PSB, a desviar parte das propinas, embora a ordem inicial fosse repassar os valores integralmente a Livânia Farias.
“A abordagem de Rosas feita a mim e, posteriormente, a Gilberto, ocorreram no início da campanha de Estela. Eu me lembro claramente que uma delas foi na inauguração de um comitê, quando ele disse: olha, isso aí tem que ser assim, assim, assado. Então quando os números eram imprecisos, quando Livânia não os conhecia, eu, ao receber os recursos, levava para a minha casa, tirava parte, restaurava a embalagem e entregava a Laura [assessora de Livânia Farias]”, alega.
Viagens e propinas para campanha
Na delação, Ivan Burity também mencionou viagens para negociação de propinas. Em uma das ocasiões, em 2014, R$ 300 mil foram retirados de uma propina de R$ 1,2 milhão como para “saldar um compromisso de campanha”.