Por trás da notícia

Por Zizo Mamede

A o site da Carta Capital trouxe neste dia 11 de abril uma entrevista com Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia da poderosa Fiesp – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Paulo Francini, entre empresários brasileiros que ganham espaço na imprensa para falar da conjuntura nacional, é um dos poucos que não tem uma avaliação negativa do governo Dilma Rousseff.

Na entrevista concedida por Paulo Francini destaca-se a objetividade com que analisa a postura da mídia no país. O empresário afirma que “o pensamento econômico dominante na mídia é muito e de instituições financeiras.” Para ele os comentários [na mídia] são pautados por instituições financeiras e que “há interesses envolvidos de grande monta e interesses ideológicos e partidários.”

O decano dirigente da Fiesp relembra que as grandes dificuldades do setor industrial brasileiro começaram desde a década de 1980, mas que se agravaram com a supervalorização do real e a política de juros altos, durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. – Essa avaliação de Paulo Francini num grande site é uma exceção.

Mas, Paulo Francini também faz duras críticas ao governo da presidenta Dilma Rousseff: “O governo tem sido sempre derrotado pela mídia. A sua capacidade de comunicação é muito baixa.”

Outras exceções

Outro dia a empresária Luíza Trajano, dona do Magazine Luíza, desbancou o mal humorado Diogo Mainardi, em programa do Globo News, rebatendo informações distorcidas publicadas pelo jornalista sobre os índices de inadimplência no Brasil. As palavras da empresária Luíza Helena Trajano foram festejadas por um grande número de internautas.

Em fevereiro de 2014, o empresário Benjamin Steinbruch, destoando da grande do pensamento econômico hegemônico assim de pronunciou: “Recessão, prá que? Há algo muito grave acontecendo no país. Uma avalanche conservadora dominou a opinião pública nos últimos tempos e impôs a ideia de que o Brasil precisa unicamente de austeridade fiscal e arrocho monetário e não pode continuar a pensar em medidas para inventivas o crescimento econômico.” – Essa fala do presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) está na coluna que o empresário assina na Folha de São Paulo.

Essas falas de grandes empresários na contracorrente da linha editorial da maior parte da grande mídia são exceções. Como bem exclamou Paulo Francini da Fiesp em Carta Capital, o que prevalece na mídia brasileira são “interesses ideológicos e partidários”. E arremata: “É um pensamento de oposição ao governo.”

O contraponto: outra narrativa

Quem se der ao trabalho de monitorar as notícias e avaliações da economia brasileira nos circuitos oligopolizados dos chamados mass media, perceberá que prevalece a construção de um pensamento pessimista sobre o Brasil. Os grandes empresários da comunicação estão semeando diuturnamente o desânimo com o futuro do país.

Para quem não concorda com esta narrativa do pessimismo precisa ir além do óbvio, ver criticamente quais são os interesses que estão por trás desses sistemas de comunicação de massas: Não se trata apenas de disputa política com o governo federal. Está em jogo uma disputa entre diferentes projetos políticos para o país.

É preciso encarar a grande mídia e deixá-la nua. Esses sistemas integrados de produção e difusão de informações – televisão, rádio, jornais e revistas impressos, internet – são campos de batalha. Os que veem diferente do pensamento que hegemoniza a grande mídia precisam fazer esta disputa por dentro, pelas frestas e pelas brechas do próprio sistema que continua concentrado nas mãos dos mesmos: os mesmos de sempre, que estão por trás das notícias.

A internet é promissora e revolucionaria exceção na produção democrática da informação. Mas não é suficiente para o contraponto, por mais que seja indispensável. É preciso chegar mais junto do povo com a outra narrativa.

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