Nasci na vila de São Tomé em fevereiro de 1939 e antes de completar 10 anos de idade, fui residir na sede do município. Minha primeira moradia, em Monteiro, foi em uma casa localizada na rua Joaquim Romão de Melo. No início dessa rua, havia as ruínas de um prédio antigo e vizinho a esses escombros existia um velho salão que era utilizado pela Banda de Música Municipal como sua sede e, era lá, que quase todas as noites, a Filarmônica realizava os seus ensaios musicais. Criança com 10 anos eu me sentia atraído pela sonoridade da Banda de Música e ao ouvir os primeiros acordes corria até o local para assistir de perto as belas interpretações dos inesquecíveis dobrados musicais: Saudade de Minha Terra, Batista de Melo, 220, Cisne Branco e tanto outros. Porém, em um triste dia, assistir pesaroso a demolição do velho salão para que a prefeitura construísse, no local, o prédio do mercado público da cidade. A Banda de Música partiu, saiu de perto de minha morada levando consigo a saudade das minhas noites de lazer.
Monteiro tem a tradição, desde a década 30. em possuir uma boa Banda de Música que representa para todos nós um patrimônio cultural e folclórico. Como é prazeroso escutar e acompanhar a nossa Banda de Música nos desfiles cívicos, escolares, religiosos, nas retretas, aos domingos a tarde na praça João Pessoa no pavilhão da festa da padroeira e em outra solenidades oficiais.
Não obstante o valor cultural e folclórico a nossa Banda de Música esteve desativada no período de 1992 a 1996 por falta de interesse da administração municipal. Em 1997 com a posse de uma nova administração municipal a Banda de Música de Monteiro foi totalmente restaurada e ampliada, ganhou sede própria, novos instrumentos, fardamentos e outros incentivos pessoais(bolsa de estudos) aos seus integrantes. Na sede da Banda de Música funcionou a Escola Municipal de preparação de músico. Muitos alunos da escola faziam parte do elenco da Filarmônica.
Devidamente recuperada e em plena atividade a nossa Banda de Música voltou a proporcionar as mesmas alegrias e o mesmo orgulho de seus tempos de glória, se fazendo presente em todas as solenidades festivas cívicas, escolares e religiosas de nossa cidade. Foi ainda, nesse período administrativo, que a população monteirense assistiu a festivas de encontro de bandas que nasceu da necessidade maior de homenagear e divulgar o trabalho de nossos valorosos músicos. Conseguiu-se reunir nesses festivais mais de 10 bandas de música vindas de municípios vizinhos de nossa Estado e de Pernambuco. Nos desfiles festivos, pelas principais ruas de Monteiro vislumbramos a participação de mais de 300 músico que, devidamente uniformizados e ostentando os seus estandartes, desfilaram ao som do dobrado Saudade de Minha Terra causando muita alegria e emoção e todos nós. A festa continuou com as belas apresentações individuais dos participante no palco da praça João Pessoa.
Gostaria que nossos governantes e a sociedade visem com bons olhos as Bandas de Musica e destinassem recursos para sua preservação.
Quem, em Monteiro não despertou cedinho e correu, ainda sonolento para a janela, porta ou calçadas de suas casas para ouvir e vê a banda passar em suas memorais e saudosas alvoradas?
Disse poeta Abelardo Pereira dos Santos: “ Quando essa Banda ´passa, leva uma banda de mim”
