Por Simorion Matos
Este ano de 2014 tem sido de muita movimentação e expectativa para o povo brasileiro.
Primeiro foram as manifestações populares espalhadas pelas maiores cidades do país, com o povo nas ruas demonstrando descontentamento e fazendo cobranças. Em alguns momentos os protestos foram misturados com atos de vandalismo e registraram-se confrontos entre manifestantes e as forças de segurança.
Quando os ânimos de alguns setores da sociedade pareciam caminhar para o descontrole, veio a Copa do Mundo, evento que havia acontecido no país há 64 anos e esperado como o grande momento para reacender o orgulho do povo brasileiro, apaixonado pelo futebol.
Nas arenas suntuosas construídas com o dinheiro que falta para hospitais, estradas, saneamento básico, abastecimento dágua e outras necessidades básicas da população, a bola começou a rolar. E com a brazuca de pé em pé, foi estabelecido um ambiente de euforia e, de repente, a bola fez a torcida esquecer, momentaneamente, os dramas e as comédias do cotidiano.
Desde o início da Copa do Mundo, os torcedores e os analistas mais equilibrados já tinham consciência da fragilidade da seleção brasileira. Se em copas anteriores a seleção canarinho impunha respeito, agora tremia de medo ao enfrentar o Chile e outros tradicionais fregueses.
E quem imaginava a decisão da primeira Copa do Mundo realizada no Brasil, no dia 16 de julho de 1950, no Maracanã, ter sido o episódio mais desastroso da história centenária do futebol pentacampeão, jamais esquecerá a página escrita na terça-feira, 8 de julho de 2014, no Mineirão, com a mais trágica derrota já sofrida pela seleção. O segundo Mundial sediado no país termina com a equipe da casa tentando reunir forças para disputar apenas uma medalha de bronze, um prêmio de consolação que ficará esquecido no extenso currículo de glórias da equipe.
A finalíssima será disputada pela Alemanha, que goleou o Brasil de forma arrasadora e inquestionável, 7 a 1, numa tarde de pesadelo em Belo Horizonte. De sobra, a Argentina, maior adversária nossa, que já nos supera e tem, no mínimo, neste 2014, o título de vice-campeã do mundo.
O milionário elenco que representa o futebol brasileiro foi uma decepção total. Depois de quase quatro décadas sem perder uma partida oficial em casa, o Brasil ficou pelo caminho. O último revés havia acontecido no mesmo Mineirão, pela Copa América, contra o Peru, em 1975.
O placar de 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil foi a pior derrota de um campeão mundial da história do futebol. Nunca antes uma seleção que já tinha levantado a taça da Copa havia sido tão humilhada, em qualquer partida, em qualquer campeonato.
Antes, a pior goleada já sofrida por um campeão mundial tinha sido uma goleada da Iugoslávia sobre a Itália, um 6 a 1, em 1957. A Argentina também foi goleada pelo mesmo placar pela Bolívia em 2009.
A Copa do Mundo de 2014 acabou, para o Brasil, de forma melancólica.
Mas o que interessa é que o país volta à normalidade, ou melhor, à realidade. E o sonho das glórias do hexacampeonato alimentado pelos empolgados e fantasiosos GALVÃO BUENO da vida, fica adiado.
Outro jogo está começando: as eleições. E faltam menos de 90 dias para a bola balançar as redes. Este será um jogo ainda mais decisivo, a ser definido não apenas nos pés de 11 jogadores. A nação inteira pode participar das jogadas e tem a oportunidade de decidir no primeiro ou no segundo tempo.
No país DA BOLA, caiu a capa da copa.
E agora, Brasil?