Por Cássio Cunha Lima
Nada de flores e presentes. Nada contra, também. Só que as manifestações de carinho e as homenagens de reconhecimento às mulheres não precisam ser hoje, porque é o “Dia Internacional” delas. A despeito da tragédia histórica que motivou a criação da data, a mim me inquieta que essa comemoração possa ser vista como “deferência” do establishment ao “segundo sexo”.
A existência de um “segundo sexo” pressupõe uma hierarquia de gênero e, por esta lógica gauche e divergente, nós, homens, seríamos os primeiros. Os primeiros a mandar, a decidir e a conduzir. Mas isso vem mudando. E merece comemoração, porque, como canta Lulu Santos: “Tudo muda, o tempo todo no mundo, como uma onda no mar”.
Mulher hoje, mais do que nunca, também manda, decide e conduz. E tem mais do que o direito de agir assim. Tem o dever de fazê-lo. Somente dessa forma será factível o sonho de construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
A teoria geral do poder, tão bem esmiuçada por Michel Foucault, demonstra que é possível lutar contra a dominação representada por certos padrões de pensamento e comportamento sendo, no entanto, impossível escapar completamente a todas e quaisquer relações de poder. O conceito está entranhado em todas as instâncias da vida de todos e de cada um de nós.
Foucault disse: “o poder se exerce, não se possui”. E mais: o poder é uma forma de saber. É algo produtivo e fonte de prazer. As relações de poder envolvem homens e mulheres sendo, portanto, o saber um exercício dos sujeitos históricos sem distinção dos sexos.
A relação binária de homem dominante em contraposição à mulher dominada é uma roupa velha que não nos serve mais. Há passos importantes a serem dados. E espaços valiosos e decisivos que precisam ser ocupados.
As recentes conquistas alcançadas, mais especialmente pelas mulheres dentro do PSDB, e anunciadas pelo presidente Aécio Neves na última convenção do partido ano passado, são dignas de aplausos e precisam ser creditadas ao trabalho incansável das tucanas do Secretariado, a quem rendo os meus agradecimentos.
O inconsciente coletivo e a consciência individual clamam por sociedades menos desiguais. O PSDB reafirma o seu compromisso de olhar com cuidado e justiça a forma como homens e mulheres serão escolhidos para que, no futuro, nossa representação parlamentar atenda a critérios de vocação, potencial e capacidade, sem favorecimento de gênero.
Não à toa, os dez países campeões em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) são nações com maior índice de igualdade de gênero na participação política, conforme o ranking do Fórum Econômico Mundial, divulgado em 2012. E com educação de excelência, naturalmente. Porque, sem escola de qualidade, não se chega a lugar nenhum. Ao contrário: fica-se na lanterna dos afogados.
Abrir espaço para mulheres vocacionadas, preparadas e competentes, que dediquem esse potencial a construir ombro a ombro um Brasil melhor, não é, apenas, reconhecer o direito feminino a maior protagonismo na política nacional.
É, com absoluta certeza, uma questão de inteligência e visão estratégica, atividades que as mulheres, com sua percepção global, simultânea e intuitiva, sabem desempenhar como ninguém. Vamos lá, estamos juntos!