Por Zelito Nunes
Nesse domingo, sete de dezembro, lá pelas quatro da tarde, quando o sol vai quebrando, juntei meus meninos e mulher, saí da Barra, lugar onde fico lá nos Cariris Velhos, e fui fazer uma breve viagem saudosista pela minha “ribeira” como dizem por lá os da minha tribo.
Na verdade fui trilhar caminhos percorridos por uma senhora bela,morena feito os índios que um dia foram muitos por ali,ancestrais dela,representados por um caboclo forte e positivo que jamais se vergou a qualquer força “Antonio do Santo” era o seu nome e era o pai dessa morena formosa que se chamou Maria do Carmo como tantas foram assim chamadas por ali.
Mas aquela “Ducarmo” foi dentro da humildade que sempre lhe cobriu a alma como veste nobre,uma figura singular que criou filhos (muitos) e enfrentou ondas gigantes ( muitas) nesse oceano chamado vida humana.
Na minha caminhada pelos caminhos de “Ducarmo” passei na fazenda Matarina onde ela menina brincou pelos terreiros de lá quando lá morou com sua família.
Priscilinha ,minha irmã de oitenta e poucos anos,chorou no meu ombro a saudade da querida amiga que acabara de partir, segui em frente e cruzei serras pra chegar na cidade da Prata onde contemplei antiga casa que por muitos anos lhe serviu de teto juntamente com os filhos,todos hoje meus amigos.
A casa humilde e hoje fechada guarda traços da moradora que um dia passou por lá.
Segui em frente até chegar no São Francisco onde abracei Duca,sua comadre e imensa amiga que conteve o pranto preso na garganta.
Fui finalmente à fazenda Boa Vista,onde Zé Nunes meu primo e chunhado também aos oitenta e
poucos me contou histórias de uma menina “levada da breca”,chamada Carminha que um dia os pais mandaram pra casa do compadre Cícero (dono da fazenda) pra aprender as primeiras letras com uma velha professora que havia por lá.
Talvez a única.
Voltei pro meu canto já no “lusco fusco” da noite quando os contornos da bela serra da Matarina começavam a desaparecer na escuridão daquela noite sertaneja.
Mas que não iria durar muito por causa de uma imensa lua cheia que vermelha e depois prateada logo voltaria a trazer luz e revelar a beleza daquele lugar.
Foi quando me voltaram à lembrança as lágrimas de saudade e as histórias engraçadas que ouvira naquele dia sobre a nossa querida “Ducarmo”.
Foi aí que percebi que ela não partira de tudo.
Ela estava ali,mais viva do que nunca,em pessoas e lugares.
Talvez morando agora naquela estrela bem brilhante.
Aquela que fica pertinho da lua cheia….