Ufa! Acordar é uma sensação ímpar. Está vivo em 2021 é um alívio!
O ciclo da vida e o movimento das coisas permanecem. O tempo sopra adiante a esperança de dias melhores.
2020 não foi a melhor época para viver em bando e se desde o início dos tempos a família é o grupo que sobrevive junto, certamente não foi agradável transformar páginas e histórias vividas até aqui e reescrever outras novas quase em monólogos.
Carlos Mário Alvarez, psicanalista, escreveu: ‘por não suportar a si mesmo Alguém entra na compulsão de viver sempre em bando’. E foi exatamente essa a luta diária que muitos travaram no ano que acabou. Não foi fácil suportar a solidão, a ausência, o distanciamento.
Diante desta peste que assusta a humanidade muitas lições foram aprendidas. E você tem uma retrospectiva? Tivemos a sensação que paramos em 2020 e até afirmamos que não realizamos muito.
Já o tempo ‘Chronos’ que na mitologia grega é o Deus do Tempo, uma grandeza que pode ser medida por horas, minutos, dias, semanas, meses e anos. Sua força é implacável e não pode ser detida, e tudo o que é conquistado nesse tempo é efêmero e findável. A vida portanto, segue o fluxo normal.
Já o tempo kairós significa o momento certo, oportuno. Então se não podemos deter o tempo cronológico podemos dar atenção a pequenos detalhes do nosso dia-a-dia que tornarão nossa vida mais agradável e feliz.
O ano que se foi deixou uma lição: há tempo para aprender a conviver com os ruídos de uma vida, muitas vezes difícil e mecânica, e também confirmou um sentimento que um minuto, um instante que se foi não volta a se repetir. Como muito bem disse Rubem Alves: ‘O tempo pode ser medido com as batidas de um relógio ou pode ser medido com as batidas do coração’.
2020 não foi só o momento da dor individual. Carregamos a nossa dor e a dor dos nossos. De quem partiu e de todos os que ficaram.
Para o ano que findou temos que concordar com o que escreveu Nietzsche ‘a solidão em nada me assusta, o que me assusta é a aglomeração humana tentando preencher seus corações vazios, sem vidas, com falsas companhias’.
Certamente foi na família, juntos, mesmo que os momentos tenham sido delimitados pela pandemia em 2020, que vivemos o melhor daquilo que carregamos em nós: o amor.
E hoje ao acordar li um texto de Gabriel Chalita e permitam-me, vou concluir com ele.
‘Nasce um ano novo. A esperança prossegue acordando os dias, as vidas, a determinação em prosseguir lutando. Que a luta seja digna. As folhas esmaecidas de ontem ainda aguardam um novo texto. Que seja um texto de amor’.
Esperança! Feliz ano novo…
(Me. Ivan Alexandrino)