O presidente da Federação da Agricultura e da Pecuária (Faepa), Mário Borba, fez um alerta: a dívida dos produtores do Nordeste já chega a R$ 12 bilhões. “Está insustentável”, disse. Ele culpa o governo federal pela situação e disse que em estados, como a Paraíba, que sofre com os efeitos da estiagem, a produção agrícola está perdida.
Mário Borba lamentou a falta de ação governamental para socorrer agricultores. Ele citou como exemplo o caso das Várzeas de Sousa, onde existem 4 mil hectares cultiváveis, mas mil hectares estão nas mãos do Movimento Sem Terras (MST) e não há produção alguma. “São agricultores familiares sem qualificação alguma. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) não fez qualquer projeto é o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) também se recusa a dar assistência. Agora, tem mais mil hectares invadidos e o MST não quer mais cedê-las ao setor produtivo”, disse.
O presidente da Faepa afirmou que a agropecuária da Paraíba foi extinta em 80% da área. “Nossas grandes barragens ainda não tomaram água ainda. O agricultor não tem como pagar essa conta de quatro anos secos. E nós vamos para o quinto ano sem água. É uma falência do setor”, observou.
Mário Borba afirmou que, para piorar ainda mais, órgãos governamentais que poderiam ajudar estão paralisadas. “Faz três anos que o Condel (Conselho Deliberativo da Sudene) não se reúne”.
Na última gestão do Instituto do Semiárido (Insa), o conselho administrativo passou quatro anos sem ter sequer uma reunião”, exemplificou.
Segundo Mário Borba, embora o Brasil esteja passado por grave crise, o setor agropecuário é o único que vem rendendo dividendos. “Temos um balanço comercial com superávit e somos o setor quem dá a sustentação da economia”, disse.
Mário Borba disse que o emprego nas atividades agropecuárias continua crescendo. “Este setor hoje que está correndo risco diante dos acontecimentos que vem travando o país. Nós estamos cautelosos sem saber o que pode acontecer. Falta crédito, o custo de produção aumentou e a variação do dólar prejudicou os investimentos”, comentou.
Ao Portal Correio, o Incra-PB informou que não tem conhecimento de invasões de terra nas Várzeas de Sousa e que, até a quinta-feira (23), não sido comunicada pela Faepa sobre invasão no local.
“A autarquia criou, em 2006, o Projeto de Assentamento Nova Vida em uma área de 1.007 hectares no Projeto de Irrigação das Várzeas de Sousa (Pivas), cedida ao Incra pelo Governo do Estado através de Contrato de Concessão do Direito Real de Uso. No assentamento, vivem 141 famílias agricultoras. O Incra está em negociação com o Governo do Estado para a cessão de uso de uma outra área pertencente ao Pivas, com 600 hectares, para a implantação de mais um assentamento da reforma agrária”, informou o Incra-PB.