Uma comissão formada por órgãos de controle e fiscalização do uso de água e destinação de esgoto da Paraíba realizou uma visita técnica nas áreas que vão receber as águas da transposição do Rio São Francisco. Uma das maiores preocupações dos órgãos era de que a água da transposição fosse contaminada pelo esgoto da cidade de Monteiro depois de chegar a Paraíba. O problema foi flagrado em inspeções anteriores.
Durante a visita, a comissão avaliou que não haverá risco de contaminação da água da transposição. “Essa água escorrendo é de esgoto tratado. Ela não representa um risco, mesmo porque vão entrar 9 mil litros de água por segundo [da transposição] e aqui não tem nem 200 litros por segundo [de esgoto tratado]”, disse o supervisor da Secretaria de Infraestrutura da Paraíba, Berange Arnaldo de Araújo.
Para evitar que o esgoto de algumas casas caiam no canal da transposição e na margem do Rio Paraíba, a Prefeitura de Monteiro está concluindo a construção de fossas em 70 casas próximas ao canal e rio. A previsão é de que tudo esteja pronto até a próxima semana. Depois de Monteiro, a água vai seguir por rios e reservatórios até a região da Mata paraibana, como o Rio Paraíba e os açudes de Poções, Camalaú, Boqueirão, Acauã, Araçagi e ainda deve seguir para um perímetro irrigado em Sapé.
As chuvas registradas na cidade de Monteiro nos últimos dias estão fazendo com que o leito do rio fique encharcado. Isso deve acelerar a chegada da água da transposição no açude de Boqueirão. “Com certeza isso vai acelerar. A natureza sempre fez chover em Monteiro e a água chegou a Boqueirão. Só que havia alguns obstáculos, inclusive o acumulo de areia em algumas partes dessa bacia deste leito do rio. Estamos procurando desobstruir todos os tipos de obstáculos no rio, para facilitar o processo”, disse João Fernandes, presidente da Aesa.
Além da ajuda da natureza, estão sendo realizadas obras para abrir canais nas barragens dos açudes de Poções e Camalaú. Com isso, não será necessário aguardar que os açudes sangrem para que a água consiga seguir pelo rio, até Boqueirão. A previsão é de que estas obras também sejam concluídas até a próxima semana.
Apesar da esperança de uma melhora no nível de água do açude de Boqueirão. A Cagepa ainda não definiu quando o racionamento de água em Campina Grande e outras 18 cidades abastecidas por Boqueirão deve acabar. Depois que chegar em Monteiro, a água deve levar até 45 dias para chegar em Boqueirão, mas com as boas condições naturais e obras esse prazo pode diminuir para menos de 30 dias.
“O grande objetivo é saber a quantidade de água que vai chegar nos mananciais, principalmente em no açude Epitácio Pessoa (Boqueirão), para que a partir daí gente possa planejar toda a distribuição da água em Campina Grande e todas as cidades abastecidas”, contou o gerente regional da Cagepa, Ronaldo Menezes.
A fiscalização foi feita por representantes da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), Superintendência do Meio Ambiente (Sudema), Departamento de Estrada e Rodagens (DER), Secretaria de Recursos Hídricos e a Companhia de Água e Esgoto da Paraíba (Cagepa).