A Agência Nacional das Águas (ANA) liberou o uso da água do açude Epitácio Pessoa, conhecido como Açude de Boqueirão, no Cariri paraibano e não estebeleceu limite para captação. Até então, a ANA iria permitir que o açude fosse usado até a água atingir o volume de 4,8%. Agora, a ANA deixou a exploração da água sob responsabilidade da Companhia de Água e Esgotos do Estado da Paraíba (Cagepa), que vai avaliar até quando a água ainda vai poder ser usada, informando os dados à agência.
Segundo a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), nesta terça-feira (22), o açude que tem capacidade para 411.686.287 metros cúbicos de água, está com apenas 22.930.900 metros cúbicos, o que corresponde a 5,6% do volume total. A água do açude abastece Campina Grande e outra 18 cidades do Agreste paraibano. Por causa do caixo nível de água, as cidades atendidas estão em racionamento desde dezembro de 2014.
Em uma resolução publicada pela ANA, nesta terça-feira, a agência estabelece apenas que a Cagepa só pode tirar uma média mensal de 650 litros de água por segundo.
Esta já era a vazão que estava sendo adotada pela Cagepa, por causa do racionamento de água. Ainda de acordo com a resolução da ANA, por causa do baixo nível, a água do açude só pode ser usada para consumo humano e de animais. A prática de agricultura irrigada continua proibida.
Segundo o gerente regional da Cagepa, Ronaldo Menezes, com a liberação da ANA, as avaliações de limites vão ser feitas com estudos realizados pela Cagepa e universidades no estado da Paraíba, que vão avaliar até quando a água vai pode ser usar. O limite vai passar a ser enquanto a água for própria para o consumo humano.
“Na última resolução da ANA, 960, o volume estipulado de captação seria 20 milhões de metros cúbicos (4,8%). A previsão da ANA é de que esse valor seja atingido no mês de dezembro deste ano. Agora, a nova resolução não fala mais em volume mínimo de captação. Ela estipula que a Cagepa deve monitorar a água, como vem fazendo, e informar os dados a agência”, disse Ronaldo Menezes.
Mudança no tratamento
Uma análise feita pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) com a água do açude de Boqueirão constatou, mesmo com o atual tratamento da água, uma concentração de cianobactérias de percentual 0,3 ug/L. O limite máximo permitido é 1.0 ug/L.
Na análise biológica, a concentração de cianotoxinas – que são toxinas produzidas por cianobactérias – ainda estava abaixo do índice máximo permitido. Entretanto, há concentração de saxtixoína e ciclindropermopsinas, que podem gerar problemas a saúde dos consumidores.
O laudo com o resultado da análise foi divulgado no dia 16 de novembro deste ano e assinado por biólogos da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Por causa dessas concentrações, os biólogos recomendam que a Cagepa mude o tratamento da água que é levada para a população.
Segundo o gerente Ronaldo Menezes, a Cagepa já está complementando o tratamento. “Os valores encontrados estão dentro dos padrões de portabilidade. Sendo assim, a água pode ser consumida sem problema algum. A Cagepa está complementando o tratamento da água com o objetivo de retirar as cianobactérias sem que elas produzam as cianotoxínas e, ao invés dos valores de 0,3, a gente não encontre nenhum valor das substâncias. Esse tipo de solução encontrada, foi em conjunto com a UEPB e que definiu que a oxidação seria com peróxido de hidrogênio”, explicou o gerente.