A renda renascença produzida pela artesã paraibana Maria das Dores Ramos, mais conhecida como Dorinha, foi fator fundamental para que ela fosse selecionada a participar de um intercâmbio cultural na Índia. Integrante do Programa de Artesanato da Paraíba (PAP), desenvolvido pelo Governo do Estado em parceria com o Sebrae, ela foi uma das brasileiras escolhidas com o apoio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Além do intercâmbio na “Craft Exchange Program for Handicrafts from Brics” – que terá palestras e cursos – a artesã, natural de Campina Grande, poderá expor a coleção de mais de 80 peças de produtos em renda renascença no período de 5 a 15 de setembro. “É uma felicidade e uma grande responsabilidade representar a Paraíba neste evento. Quero aprender bastante com as novas culturas e repassar um pouco do que aprendi ao longo dos anos de trabalho. Assim, pretendo estreitar laços comerciais e quem sabe até passar a exportar para os países asiáticos”, comemorou a artesã.
De malas prontas para o embarque neste sábado (3), Dorinha adianta o que vai levar na bagagem. “Estou levando tudo muito colorido para fazer a cabeça das indianas com xales, mantas, vestidos e outras peças de vestuário. Espero voltar com a mala vazia e muito aprendizado nas mãos. Não quero só divulgá-las, mas vendê-las”, ressaltou.
O convite para o intercâmbio cultural partiu da embaixada de Nova Delhi para a Associação Brasileira de Exportação do Artesanato (Abexa), a qual ficou responsável pela seletiva no Brasil.
Além da paraibana, outras seis rendeiras de Minas Gerais irão participar do intercâmbio na cidade de Srinagar, na Cachemira. Durante 10 dias, os artesãos (máster crafs) de todos os países membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) poderão aprender novas técnicas de processos.
Dorinha é presidente da Associação de Desenvolvimento Comunitário das Artesãs de Ateliê Renascença de São Sebastião do Umbuzeiro, localizada no Cariri paraibano, distante 110 km de João Pessoa. Atualmente a sua produção é vendida para várias cidades do Nordeste, bem como, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Ela trabalha com renda renascença há mais de 40 anos e desde os sete já produzia peças em renda para vender e ajudar no orçamento da família.
Para a gestora do PAP, Lu Maia, a artesã é motivo de orgulho e exemplo para os demais integrantes do programa. “A renda renascença confeccionada pelas mãos habilidosas das rendeiras nos deixa muito orgulhosas e quando essa visibilidade ultrapassa as fronteiras servindo de espelho do nosso patrimônio cultural para outros lugares do mundo fortalece a certeza que estamos trabalhando no caminho do desenvolvimento”, disse Lu.
Em 2013, a artesã foi uma das 15 brasileiras selecionadas para mostrar sua produção na exposição “Mulher Brasileira”, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Já em 2014, ela participou de outra exposição na cidade de Doha, Capital do Qatar, nos Emirados Árabes Unidos – Oriente Médio.
Artesanato na Índia – O setor de artesanato é um dos mais dinâmicos e tradicionais da economia indiana, empregando cerca de 7 milhões de pessoas e sendo responsável no ano fiscal de 2015/2016 por exportações da ordem de USD 3,2 bilhões.
Programa de Artesanato da Paraíba – Desde a sua criação, o PAP tem como objetivo promover o desenvolvimento do artesanato paraibano, para que seja reconhecido nacional e internacionalmente, de forma integrada com o turismo, melhorando as condições de vida dos artesãos, através da geração de trabalho e renda, preservando as formas de identidade cultural de cada região.
Com características inovadoras, repassa ao setor de artesanato um enfoque diferenciado, no que diz respeito à organização social, capacitações, acesso ao crédito, promoção e comercialização através de feiras, colocando-o como uma verdadeira atividade econômica interferindo de forma direta e benéfica no cotidiano dos artesãos.