O surto de casos de microcefalia no Brasil começou entre os meses de setembro e outubro de 2015. Nesta quarta-feira (19), mães que lutam para dar um vida digna aos filhos que têm a malformação participaram de um “aniversário coletivo” dos bebês com microcefalia em Campina Grande. Na cidade referência no tratamento, 118 crianças com a doença são acompanhadas.
Realizado no Parque da Criança, o evento teve a participação da maioria das famílias que recebem assistência no ambulatório especializado em microcefalia do Hospital Municipal Pedro I.
Segundo relatório divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) no dia 10, a Paraíba tem 170 casos de microcefalia confirmados desde agosto de 2015. Os casos estão distribuídos em 67 cidades e foram confirmados com base nos laudos dos exames de imagem e/ou resultados de exames laboratoriais para detecção do vírus zika.
Amor maior que dificuldades
O bebê Lucas Gabriel completou um ano no dia 24 de setembro e foi um dos festejados. A mãe, Miriam de França, de 25 anos, contou que a batalha é diária, mas o amor pelo filho é maior que qualquer dificuldade. Eles moram em São José dos Cordeiros, no Cariri paraibano, e para chegar em Campina Grande, são quase duas horas de viagem.
“No início, o medo foi muito grande. Era um assunto pouco conhecido, mas com o passar do tempo e o apoio que a gente foi recebendo, tudo ficou um pouco mais fácil”, disse a mãe de Lucas Gabriel.
Miriam de França teve sintomas do vírus da zika quando estava com sete meses de gravidez. Ela diz que teve acompanhamento médico, fez ultrassons, mas só soube que o filho tinha a malformação após o nascimento dele.
“Foi uma surpresa muito grande. Até os médicos estavam um pouco perdidos. Depois do parto, fui encaminhada para Campina Grande. Foi uma peregrinação pelos hospitais. Passei pelo Trauma, Hospital da Criança e fiquei internada no HU [Hospital Universitário Alcides Carneiro]”, contou.
Atualmente, Miriam viaja para Campina Grande com Lucas Gabriel duas vezes na semana. Ele faz fisioterapia com a equipe no ambulatório. “A diferença é muito grande. Só tenho a agradecer”, diz ela. Recentemente, a família conseguiu o benefício do Governo Federal destinado aos que têm microcefalia. O valor é de um salário mínimo.