O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu que assistiu ao discurso de Sergio Moro no ato de filiação ao Podemos, na última quinta-feira (11), mas fez críticas ao antigo aliado. Segundo Bolsonaro, Moro “não aprendeu nada”.
“Vocês gostaram do discurso lido pelo cara ontem? O cara leu… Assisti porque foi meu ministro, né?”, disse durante conversa com apoiadores, transmitida por um canal bolsonarista no YouTube.
Jair Bolsonaro ainda afirmou que Moro não “aprendeu nada” durante o período que passou no governo. “Ficou um ano e 4 meses e não sabe o que é ser presidente, nem ser ministro”, declarou.
No discurso de filiação, Sergio Moro não citou diretamente o presidente Jair Bolsonaro, mas fez críticas aos supostos casos de rachadinha e outras irregularidades investigadas no governo. Além disso, o ex-ministro afirmou que não teve respaldo enquanto ocupou o cargo.
Apesar das críticas, Moro se aproximou do discurso bolsonarista da campanha de 2018, pregando o combate à corrupção, criticando a reeleição e citando pautas liberais no campo econômico.
Moro tampouco citou o ex-presidente Lula (PT), mas citou “mensalão” e “petrolão”. O petista, que aparece em primeiro nas pesquisas de intenção de voto, e Jair Bolsonaro devem ser os principais adversários de Moro, caso o ex-juiz confirme a candidatura à presidência.
Discurso de Moro
O ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro se filiou oficialmente ao Podemos, partido do senador Álvaro Dias, nesta quarta-feira (10). Com direito à slogan de campanha, “Um Brasil mais justo para todos”, Moro foi exaltado e aplaudido pelo público, que cantava: “Brasil, pra frente, Moro presidente”.
“Eu não tenho uma carreira política e não sou treinado em discurso político. Alguns dizem que não sou eloquente. Muita gente critica a minha voz. Mas, se eventualmente, eu não sou a melhor pessoa para discursar, posso assegurar que sou alguém em quem vocês podem confiar”, disse Sergio Moro.
Moro negou que tenha ambições políticas, mas afirmou que “sempre estará à disposição”, caso seja considerado o nome mais apropriado para liderar um “projeto de país” – não de poder.
“A vida pública me testou mais de uma vez, como juiz da Lava Jato e como ministro da Justiça. Vocês conhecem a minha história e sabem que eu tomei decisões difíceis”, alegou. O ex-juiz também se defendeu e negou que tenha tomado decisões para se beneficiar. “O Brasil não precisa de líderes com voz bonita, o Brasil precisa de líderes que ouçam a voz do povo brasileiro.”
Com discurso similar ao de Jair Bolsonaro na campanha de 2018, Moro reforçou que tem uma trajetória fora da política e relembrou feitos com juiz. Moro também comentou o convite para ser ministro de Bolsonaro e afirmou que “como todo brasileiro em 2018”, tinha esperança em dias melhores. Para justificar o apoio ao atual presidente, Moro fez críticas aos governos do PT e acusou o partido de corrupção. Assim como Bolsonaro quando candidato, Moro também se posicionou contra a reeleição.