Brasília – O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), subiu à tribuna nesta quarta-feira (16) e recorreu a um naufrágio histórico para ilustrar a grave crise por que passa o Brasil.
“O governo federal faz lembrar aquela imagem trágica do Titanic, que ia a pique, e a orquestra continuava tocando. O grande transatlântico afundando, e a orquestra tocando para tentar entreter os passageiros” – disse Cássio.
O senador solicitou a transcrição do editorial do jornal Folha de S.Paulo, publicado na edição impressa desta quarta, intitulado “Muito pouco”, que analisa “o desmando e os improvisos” do governo na tentativa de tentar debelar a crise.
Improviso
“O governo anunciou o pacote para reequilibrar o orçamento, mas a iniciativa é insuficiente do ponto de vista econômico e de pouca viabilidade política” – leu o senador, com o artigo do jornal na mão.
E prosseguiu: “De saída, resta evidente o improviso. Não há o mais tênue sinal de um projeto orquestrado de reformas. Há nada mais do que um conjunto desconexo de iniciativas destinadas a tapar buracos emergenciais”.
Para exemplificar os improvisos do governo Dilma, Cássio fez uma breve narrativa:
“Na última terça-feira, acordei às 6 horas da manhã para ter tempo de ler o Diário Oficial, com o intuito de saber o teor das matérias que estavam publicadas, fruto dos anúncios do dia anterior. Qual minha surpresa na terça-feira? Nada, absolutamente nada no Diário Oficial a respeito das medidas que foram anunciadas pelo governo federal. Pensei comigo: não saiu nada ontem, sai hoje, quarta-feira. Acordei às 6h30 para conhecer em detalhes as propostas. Nada, absolutamente nada no Diário Oficial”.
Desastre
O senador disse que as projeções econômicas são desastrosas e já apontam para uma diminuição do Produto Interno Bruto, o PIB, que é a soma de todas as nossas riquezas, em 3% para este ano. Disse, também, que a sociedade está farta de um governo que presta serviços de péssima qualidade na educação, na saúde, na segurança pública. E que o retorno da inflação, o medo do desemprego e a diminuição do poder de compra evidenciam “a inabilidade de um governo que perdeu a credibilidade”.
Truque
Cássio criticou a chantagem do governo em relação aos governadores: a presidente Dilma propõe a volta da CPMF, com alíquota de 0,20% e sugere aos governadores que venham ao Congresso pedir mais 0,18% totalizando 0,38%, que é a alíquota que o governo sempre quis, permitindo assim a partilha com Estados e municípios.
Para o senador, a atitude é um desrespeito aos governadores e mais uma prova de que o Planalto perdeu a noção de que não tem condições para fazer esse tipo de manobra: “O governo não tem gordura política para tentar esse tipo de truque” – afirmou.
E concluiu: “A sociedade diz basta, chega! Não vou mais continuar pagando impostos para um governo que rouba a sociedade de forma permanente!”.