O Fundo Monetário Internacional (FMI) advertiu nesta terça-feira que o Brasil, cuja economia encolherá 1% em 2015, segundo suas previsões, tem problemas que “vão além do macroeconômico”, como é o caso da “corrupção”.
“As medidas (de ajuste fiscal) tomadas são as adequadas, mas o Brasil tem problemas que vão além do macroeconômico. Tem um problema de corrupção que conhecemos e esperamos que seja solucionado”, afirmou Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI em entrevista coletiva na sede do organismo.
Em seu relatório “Perspectivas Econômicas Globais”, o organismo previu uma recessão do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2015 de 1%, após um exíguo crescimento de 0,1% em 2014, e antes de uma leve subida de 1% em 2016.
Os técnicos do FMI explicaram que esta contração se deve ao forte ajuste fiscal anunciado pelas autoridades brasileiras.
“Achamos que (o ajuste) terá um efeito negativo no curto prazo, mas mais adiante melhorará a credibilidade e será positivo a médio prazo, ao estabelecer os fundamentos de um crescimento positivo no ano seguinte”, disse Oya Celasu, do Departamento de Pesquisa do FMI.
Além disso, Celasu instou o governo brasileiro “a calibrar a política monetária de acordo com as circunstâncias”, já que as pressões inflacionárias são “mais altas que o esperado”.
Neste sentido, o fundo prevê que o Brasil fechará 2015 com uma inflação de 7,8%.
Blanchard, por sua parte, disse que “um dos grandes problemas do Brasil nos últimos anos foi de confiança empresarial, o que pesou sobre o investimento”, e afirmou que a desconfiança ainda permanece.
A contração do Brasil, a grande economia latino-americana ao lado do México, é uma das causas da forte desaceleração da região, para a qual se espera um crescimento de 0,9% em 2015.