O açude Camalaú, localizado no Cariri paraibano, é o único dos quatro reservatórios paraibanos que devem passar por reformas que já deu início aos reparos estruturais. Faltando apenas cinco meses para o prazo de entrega da transposição do Rio São Francisco, estipulado pelo Ministério da Integração Nacional, o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) informou que os reservatórios Engenheiro Ávidos, São Gonçalo e Poções ainda estão nas fases de execução de projetos e licitação.
Estes quatro açudes fazem parte dos nove que devem receber recarga hídrica do Velho Chico. A obra será concluída em dezembro, mas a água só deve começar a ser distribuída em abril, segundo previsão da Secretaria da Infraestrutura, dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia (Seirhmact).
“A última medição realizada no açude de Camalaú ocorreu em junho, de lá pra cá não choveu na região. Então se não houve recarga, o volume do reservatório deve estar em aproximadamente 13%. Estamos colocando um novo sistema de medição no local e em breve atualizaremos esse volume”, disse o gerente executivo de Monitoramento e Hidrometria da Aesa, Alexandre Magno.
De acordo com a Companhia de Água e Esgotos do Estado da Paraíba (Cagepa), o reservatório abastece somente o município de Camalaú, no Cariri paraibano. Com quase 6 mil habitantes, o município é um dos poucos do Estado que ainda permanece com abastecimento normal.
A Seirhmact é responsável pela reforma do açude Camalaú. A reportagem visitou o local e verificou o reforço da parte superior da parede do reservatório.
Recuperação. A barragem de Camalaú está entre as 27 barragens incluídas na segunda etapa do Programa de Recuperação de Barragens da Seirhmact. Os principais problemas encontrados no manancial foram erosões e calhas quebradas. As obras estão com mais de 50% concluídas. Como ela fica dentro do perímetro urbano, a Seirhmact também está fazendo uma pista de passeio em cima da barragem atendendo a uma reivindicação.
Poluição
João Batista Alves, o João do Peixe, 56 anos, pesca no Açude Poções, em Monteiro, que recebe água do Rio Paraíba. “Ninguém vê obra sendo feita em canto nenhum. A gente sabe que o esgoto vem pra dentro de Poções, e daqui vai pra Camalaú, mas todo mundo pega água e peixe daqui. É o que a gente tem e é pra ser feliz”, disse.
João do Peixe enfatizou que apesar da demora e da falta de obras nos açudes por onde a água deve passar, ainda acredita na chegada da transposição. “Deve tá mais perto desse negócio terminar e a gente ter água. Se não vier, desmantela. Queria mesmo era ver esse povo botando uns reforços nesses balde de açude, porque já pensou esse trabalho todinho pra ir tudo embora porque a barragem não aguentou a água nova?”, concluiu o pescador.
“No caso de Camalaú, o Estado já está fazendo a recuperação do sangradouro. Queremos implantar algum elemento de transição para não esperar que a barragem precise sangrar para que a água vá para Boqueirão. Estamos estudando isso. Já o esgotamento sanitário de Monteiro é responsabilidade de prefeitura, juntamente com a Funasa. A previsão de término das obras é até dezembro, mas a falta de reformas dos açudes não impede a operação e distribuição das águas. Acredito que até abril a água já deve estar em Boqueirão”.