Aos 84 anos, o ex-deputado federal de Pernambuco e ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti acompanha a política de longe. A distância, no entanto, não o impede de fazer avaliações negativas sobre o trabalho dos seus antigos colegas em Brasília. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente da Câmara, que renunciou o cargo, em 2005, após a denúncia de que teria recebido propina de um dono de um restaurante da Casa, é taxativo: “Está muito ruim (o desempenho da Câmara). Você só ouve piadas”.
“Piorou muito. Na minha gestão, era porta aberta, todo mundo tinha entrada. Não tinha esse negócio de ‘eu sou o dono do mundo’, não”, declarou o ex-deputado, por telefone. “A Câmara tem que mostrar à nação que não compactua com bandalheira”. Sobre a denúncia de que foi acusado, em 2005, Severivo dá sua justificativa. Diz que a denúncia era falsa. “Houve uma denúncia falsa contra mim, de um camarada que queria de qualquer maneira ficar no restaurante (da Câmara dos Deputados). Está provado que ele é incorreto”.
Severivo Calvalcanti também avaliou o desempenho do atual presidente da Câmara, o deputado federal do Rio de Janeiro, Eduardo Cunha (PMDB). Adotando um discurso ético, o ex-presidente da Câmara diz que Cunha “vem tomando umas posições um pouco confusas”. O atual comandante da Câmara é criticado por votações, a exemplo da reforma política e da redução da maioridade penal, nas quais fez diversas manobras para impor seu gosto pessoal, quando não a opinião de parte de seu partido. “Está havendo um certo tumulto. A coisa tem que ser fiscalizada. Quem deve tem que pagar”.