A procuradoria-geral do município de Campina Grande, no Agreste paraibano, está entrando com uma ação civil pública na Justiça para exigir que a Companhia de Águas e Esgotos do Estado da Paraíba (Cagepa) instale uma adutora de engate rápido para levar as águas do açude Poções, em Monteiro, para o Açude de Boqueirão, que abastece a cidade. A estratégia seria um plano B para fazer com que as águas da transposição do Rio São Francisco cheguem mais rápido à região, que sofre racionamento de água há quase dois anos.
“A ação visa que o Estado e a Cagepa adquiram uma adutora de engate rápido, que ligue o açude de Monteiro, com o açude de Boqueirão. Está na hora da Cagepa também entrar nesse bolo e, com os recursos, adquirir essa adutora. Campina Grande não tem só os 402 mil habitantes da cidade. O município tem uma população flutuante de quase 800 mil pessoas”, disse o procurador-geral do município, José Fernandes Mariz.
O procurador-geral explica que um estudo apresentado à Prefeitura mostra que, pelo caminho natural da transposição do Rio São Francisco, as águas só vão chegar ao açude de Boqueirão após cerca de um ano, pois precisaria encher as barragens e passar por rios que existem entre Monteiro e Boqueirão.
O Secretário de Infra-estrutura e Recursos Hídricos do Estado, João Azevedo, disse que essa ideia é inviável do ponto de vista técnico. Segundo ele, a obra demoraria muito pra ser executada. Ele garantiu que o Estado tem feito sua parte e tem cobrado do Governo Federal a conclusão da transposição de águas do São Francisco.
O presidente da Agência Executiva de Gestão de Águas da Paraíba (Aesa) criticou a ação da Procuradoria-Geral do Município de Campina Grande. “Essa ação é política, não tem base técnica, logo não vai prosperar na Justiça. As águas da transposição são de responsabilidade do Governo Federal. A ação deveria ser feita contra o Governo Federal”, frisou o presidente da Aesa, João Fernandes.
O açude
De acordo com os dados divulgados pela Aesa, nesta quarta-feira, o açude Epitácio Pessoa (açude de Boqueirão), no Cariri paraibano, está com 6,1% de sua capacidade total de água.
O manancial abastece Campina Grande e outras 18 cidades do Agreste paraibano, que estão enfrentando racionamento desde dezembro de 2014. O açude está no volume morto e água é levada para a população através de um sistema de captação flutuante.