Cariri tem 9 casos suspeitos de microcefalia, confirma Secretaria de Saúde

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-PB) realizou nesta terça-feira (24) pela manhã, no auditório do Centro de Referencia Estadual de Saúde do Trabalhador (Cerest), uma reunião com a equipe técnica para tratar da situação epidemiológica da microcefalia no Estado. Na ocasião, foi divulgado o primeiro boletim epidemiológico com relação às ocorrências de microcefalia na Paraíba.

No Cariri Paraibano já foram registrados alguns casos suspeitos da doença nos municípios de Monteiro, São Domingos do Cariri, Alcantil, Boqueirão e Caturité. Em Monteiro e Alcantil foram 3 casos suspeitos da doença notificados até este dia 20 de novembro, já as demais cidades notificaram a existência de um caso suspeito em cada uma.

Todos os casos notificados até então estão em processo de investigação pelas Secretarias Municipais de Saúde com o apoio da SES-PB. A gerente operacional de Resposta Rápida da SES-PB, Diana Pinto, informou que até o dia 20 de novembro foram notificados 104 casos suspeitos de microcefalia, distribuídos em 32 municípios do Estado. João Pessoa foi o município que mais registrou casos suspeitos (48%), sendo, também, o que mais revisou prontuários, realizando busca ativa retrospectiva nos atendimentos das maternidades públicas. São quatro gestantes cujos fetos tiveram seus diagnósticos através de exames de ultrassonografia e de 100 recém-nascidos.

Até o dia 20 de novembro foram notificados 104 casos suspeitos de microcefalia, distribuídos em 32 municípios do Estado. Em João Pessoa, foram 50 casos notificados (48,1%). No município do Conde, foram 9 casos (8,7%), e em Caaporã 4 casos (3,8%). Os municípios de Alcantil, Bayeux, Monteiro e Pedras de Fogo contabilizam três casos cada um (2,9% cada município). Os municípios de Cabedelo, Juripiranga, São Miguel de Taipu e Sapé notificaram dois casos cada um (1,9% cada município).

Já os municípios de Algodão de Jandaíra, Alhandra, Aroeiras, Baía da Traição, Boqueirão, Campina Grande,Catolé do Rocha, Caturité, Damião, Guarabira, Gurinhém, Jacaraú, Juru, Lucena, Olivedos, Piancó, Salgado de São Félix, Santa Rita, São Domingos do Cariri e Campo de Santana notificaram um caso suspeito em cada um deles (1% cada município).

Segundo a equipe técnica da SES-PB, a maioria das notificações de casos foi realizada tendo como base a medida do perímetro cefálico (PC) igual ou inferior a 33 centímetros, independentemente da mãe relatar ou não sintomas de doenças infecciosas durante a gravidez e de exames complementares. “Trata-se de uma triagem de crianças nascidas a partir do dia 1º de agosto, que se enquadram na definição de caso suspeito, a fim de possibilitar o desencadeamento da investigação e, com isso, concluir um diagnóstico final de confirmação ou descarte de malformação congênita, conforme protocolo clínico do Ministério da Saúde”, explicou Diana Pinto.

A Fundação Oswaldo Cruz notificou na última terça-feira (17) que o Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz concluiu diagnósticos que constataram a presença do genoma do vírus Zika em amostras de duas gestantes da Paraíba, cujos fetos foram confirmados com microcefalia através de exames de ultrassonografia. O material genético (RNA) do vírus foi detectado em amostras de líquido amniótico, com o uso da técnica de RT-PCR em tempo real.

“Apesar de ser um achado científico importante para o entendimento da infecção pelo vírus Zika em humanos, os dados atuais não permitem correlacionar inequivocamente, de forma causal, a infecção pelo Zika com a microcefalia. Tal esclarecimento se dará por estudos coordenados pelo Ministério e outras instituições envolvidas na investigação das causas de microcefalia no país”, esclareceu a gerente executiva de atenção à saúde da SES-PB, Patrícia Assunção.

Ações – Entre as ações desempenhadas pela SES-PB, está a elaboração de um formulário online, o FormSus, para a notificação dos casos suspeitos de microcefalia. “O evento é de interesse da saúde pública e todos os casos suspeitos devem ser notificados imediatamente. Além disso, a partir do registro da notificação, seguir o fluxo laboratorial para o Laboratório Central de Saúde Pública da Paraíba (Lacen-PB)”, alertou Patrícia.

Os serviços de referência no tratamento dos casos de alto risco já foram definidos: Maternidade Cândida Vargas, Maternidade Frei Damião e Hospital Universitário Lauro Wanderley (em João Pessoa), Maternidade Peregrino Filho (em Patos) e o Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea, em Campina Grande).

O Protocolo Clínico com orientações do Ministério da Saúde será disponibilizado em breve. As novas informações serão divulgadas semanalmente, todas as terças-feiras, por meio de boletim.

Recomendações – A Secretaria de Estado da Saúde, em consonância com o Ministério da Saúde, orienta:

Às gestantes:
– Terem a sua gestação acompanhada em consultas pré-natal, realizando todos os exames recomendados pelo seu médico;

– Não consumirem bebidas alcoólicas ou qualquer tipo de drogas;

– Não utilizarem medicamentos sem a orientação médica;

– Evitarem contato com pessoas com febre, exantemas ou infecções;

– Adotarem medidas que possam reduzir a presença de mosquitos transmissores de doenças, com a eliminação de criadouros (retirada de recipientes que tenham água parada e cobertura adequada de locais de armazenamento de água);

– Protegerem-se de mosquitos, adotando medidas como manutenção de portas e janelas fechadas ou teladas, uso de calça e camisa de manga comprida e utilização de repelentes indicados para gestantes;

– Até que se esclareçam as causas do aumento da incidência dos casos de microcefalia na região Nordeste, as mulheres que planejam engravidar devem conversar com a equipe de saúde de sua confiança. Nessa consulta, devem avaliar as informações e riscos de sua gravidez para tomar a sua decisão.
Aos gestores e profissionais de saúde:

– O registro dos casos identificados de microcefalia, que se enquadram na definição de caso, deve ser realizado oportunamente, a partir do dia 19 de novembro, no formulário de Registro de Eventos de Saúde Pública referente às microcefalias (RESP – Microcefalias), no endereço http://www.resp.saude.gov.br/microcefalia#/painel;

– Todos os casos notificados, que cumprirem a definição de caso suspeito de microcefalia, deverão ser investigados para identificação oportuna da ocorrência de alteração do padrão de microcefalia em nascidos vivos no estado;
– A notificação imediata no RESP não isenta o profissional ou serviço de saúde de realizar o registro dessa notificação no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), por meio da Declaração de Nascido Vivo (DNV);

– O atendimento das crianças que nasceram com microcefalia vem sendo realizado nos serviços de saúde da Rede de Atenção do Sistema Único de Saúde (SUS).

– Para outros esclarecimentos, deve-se entrar em contato com o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), por meio do seguinte endereço eletrônico: [email protected] ou pelo telefone: 0800-281-0023.

Entenda a microcefalia – Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada para idade e sexo. As microcefalias podem ser causadas por fatores biológicos, genéticos, ambientais, químicos ou físicos. Em nota enviada à imprensa, o Ministério da Saúde ressaltou que a microcefalia não é um agravo novo. Na atual situação, a investigação da causa é que tem preocupado as autoridades de saúde.

Crianças que nascem com microcefalia podem ter o desenvolvimento cognitivo debilitado. Não há um tratamento definitivo capaz de fazer com que a cabeça cresça a um tamanho normal, mas há opções de tratamento capazes de diminuir o impacto associado com as deformidades.

Estado de Emergência – Segundo o Ministério da Saúde, o estado de emergência em saúde pública garante que os serviços de saúde tratem a questão da microcefalia com prioridade. A investigação das possíveis causas do aumento vai ser feita em conjunto por equipes do Ministério da Saúde e dos governos estaduais e municipais.

O Ministério da Saúde também ativou, no dia 10 de novembro, o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES), em Brasília. Trata-se de um mecanismo de gestão de crise, que reúne as diversas áreas que podem concorrer para resposta a esse evento de forma que o assunto seja tratado como prioridade. (De Olho no Cariri)

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