Líder do PSDB, o senador Cássio Cunha Lima (PB), usou a tribuna para chamar atenção das autoridades e pedir providências com relação aos sérios problemas na Paraíba no tocante ao abastecimento de água. O senador tucano acusou as administrações estadual e federal de não agirem adequadamente. Cássio criticou também o atraso nas obras de transposição do rio São Francisco e fez uma manifestação de repúdio contra a Agência Nacional de Águas (ANA) por não tomar as medidas necessárias.
“Eu não ocuparia a tribuna do Senado se não fosse realmente uma situação aguda, uma situação crítica, em que a população se sente desamparada, desassistida. E o Governo do Estado não consegue dar uma resposta eficaz a esses desafios. Assim também lamento ter de trazer essa manifestação de repulsa, de repúdio à Agência Nacional de Águas, por não ter tomado as providências no tempo necessário”, desabafou.
Cássio visitou o sertão paraibano há duas semanas, e está de volta à região nesta quinta-feira, dia 14, e afirma ter presenciado uma crise hídrica “extremamente grave”. “Há cidades em colapso. Mais de 1 milhão de pessoas podem ficar sem nenhum tipo de perspectiva de abastecimento”, alertou.
O senador relatou que recentemente esteve visitando um conjunto de cidades do sertão paraibano, entre elas: Cajazeiras,Conceição, Ibiara, Diamante, São José de Piranhas, passou por Monte Horebe, também por Bonito de Santa Fé, esteve em Souza, foi até São João do Rio do Peixe, visitou a cidade de Patos e Uiraúna. “Em Conceição assim como em Diamante, a situação é extremamente grave em relação ao abastecimento de água, sem que haja uma única providência para acudir aquelas populações. Igual situação vive a cidade de Teixeira, que tem água para mais quinze, vinte dias. A cidade de Princesa Isabel já está em colapso. Então, são vários os Municípios da Paraíba que enfrentam graves dificuldades”, constatou.
Não faz muito tempo, Cássio Cunha Lima ocupou por duas vezes a tribuna do Senado Federal, para chamar a atenção das autoridades federais e também da estadual, da ANA (Agência Nacional de Águas), da Aesa(Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba), que é a agência estadual que atua junto com a Companhia de Água e Esgotos do estado(Cagepa), para que fossem tomadas providências no que diz respeito à preservação da água acumulada no açude de Boqueirão, que abastece não apenas Campina Grande, mas um conjunto de outras cidades do compartimento da Borborema e do próprio Cariri paraibano.
Só para ter uma ideia, o volume de água de boqueirão nos últimos três anos caiu de 50% em 2013, para 31% em 2014. “Campina já vive hoje um racionamento. Esse racionamento, provavelmente, terá que ser ampliado. E a razão desse racionamento tão agudo foi exatamente a omissão, a letargia, a falta de providências em tempo hábil para que pudéssemos usar de forma mais racional a água acumulada no açude Epitácio Pessoa, conhecido por todos nós como açude de Boqueirão”, alertou.
O Senador denunciou que o Governo Federal cortou, para muitos Municípios, o programa de abastecimento por caminhões-pipa, e, paradoxalmente, a Presidente Dilma Rousseff foi a uma rede nacional de rádio e televisão para atribuir, entre outras razões, a estiagem à crise que o Brasil vive. “Veja que paradoxo! A própria Presidente da República usa como argumento para justificar a crise o cenário internacional e a seca, a estiagem, e, ao mesmo tempo em que ela própria diz que a seca é uma das razões da crise, o Governo Federal corta o programa de caminhões-pipa em várias cidades do Nordeste brasileiro, sem falar aquilo que o Brasil todo já conhece: o atraso injustificável nas obras da transposição do Rio São Francisco”, relatou.
O senador garante que vai continuar cobrando com veemência, com o respeito devido, mas com a altivez necessária para que o Governo Federal deixe de fazer promessas e passe a tratar a transposição do São Francisco como algo urgente, que não pode mais ser adiado, que não pode mais ser esperado. “Que se tomem providências para que a obra da transposição se concretize. O eixo leste, que pereniza o Rio Paraíba e o Rio Taperoá, que resolverá o problema de Boqueirão, é um trecho em que não há sequer controvérsia ambiental. Até mesmo os mais críticos da transposição sempre concordaram com esse eixo leste, que resolveria ou resolverá o suprimento de água dessa população inteira”, finalizou.