Por João Trindade
Nos meus dias de criança, houve uma época em que brincávamos com cédulas de notas de cigarro. E, no nosso mundo, aquele dinheiro valia, de verdade! Às vezes, na imaginação; outras, nem tanto.
Os valores eram fixados de acordo com a dificuldade de se achar; de modo que uma carteira de Eldorado valia menos que a do Continental; e esta menos que a do Holliwood.
As que valiam mais eram as de Minister e Carlton; na ordem respectiva.
Na época, a Souza Cruz distribuía cigarro entre os funcionários. As carteiras eram diferenciadas com a estrela da empresa, na parte de trás. Essas valiam o dobro das notas normais.
Um dia, numa busca num monturo que havia por trás da Souza Cruz, encontrei várias carteiras com a estrela.
Fiquei rico!…
Às vezes, a fantasia virava realidade e as notas passavam a COMPRAR bens, de verdade: brinquedos, figurinhas…
Uma vez, um pirralho me ofereceu, em troca de uma nota de Minister, o bem maior que tinha. Recusei. Primeiro, porque minha preferência nunca foi aquela; e depois porque aquele bem, para os padrões da época, custar-lhe-ia a honra.