Por Zelito Nunes
Viajar ao lado de Chico Pedrosa (foto) é viajar pelo Brasil através da sua ambulante alma.
As suas muitas e engraçadas histórias, fazem com que os quilômetros passem impercepeptíveis e as distâncias diminuam.
Não é por acaso que divido com ele, sempre que posso, viagens que faço pelas “terras do sem fim” da Paraíba do Norte, berço meu e dele também.
Chico é um cidadão do mundo, (pelo menos do mundo do Nordeste do Brasil, do nosso mundo) .
A profissão de vendedor, e hoje de poeta popular, lhe levaram para os quatro cantos desse país que ele conhece como poucos.
Outro dia, íamos eu e ele pra Limoeiro, quando eu puxei o assunto de trem, um tema que me fascina até por que nunca entrei num deles.
– Chico, tu já deves ter andado muito de trem. Alguma história?
– Tem sim. Uma vez eu peguei o trem em Sertânia, com destino a Serra Talhada, eu moço e bem parecido, notei que uma moça até jeitosa olhava pra mim no banco do lado.
Me levantei, encostei e puxei conversa. “– Tá vindo de onde?”
– Do Recife, vou pra Mirandiba. Tô vindo do hospital.
– Algum parente doente?
– Não, era eu “merma”.
– Doente de quê?
– Mordida de cachorro doido, tô tomando injeção no bucho.
– Mas, ficou sentindo alguma coisa ?
– Não, só uns arrepios na lua nova.
– Vige Maria!!!
– Bora pra Mirandiba?
– Posso não nêga, vou descer aqui em Custódia.
(Te dana, vai morder outro!!!)