Com dois açudes praticamente secos e enfrentando uma grande crise hídrica, produtores da cidade de Prata, no Cariri paraibano, vêm investindo na criação de caprinos e na venda do leite das cabras. Adaptados ao calor, estes animais conseguem viver com mais tranquilidade. Prefeitura dá incentivo a cada litro de leite produzido.
Um dos produtores e presidente da Associação das Cooperativas de Prata, Mário José Albino, conta que antes trabalhava apenas com plantação. “Desde sempre eu trabalhei na roça plantando milho, batata, macaxeira, feijão e outras coisas. Hoje eu também invisto nas cabras e no leite. É o complemento da minha renda. Os animais não necessitam de tanta água para sobreviver”, afirma.
A cidade tem 70 produtores de leite. A maioria deles faz parte de um projeto conjunto entre a prefeitura e o governo estadual. Cada produtor filiado tem direito a R$ 0,10 por leite produzido pagos pela administração municipal como forma de incentivo.
“Esse projeto tem como objetivo, além de aumentar a renda dos próprios produtores, fortificar a economia local. Em tempos de crise econômica e hídrica, temos que conseguir meios de aumentar também o número de empregos, que estava baixando constantemente”, disse o prefeito da cidade, Júnior Nóbrega (PMDB).
Segundo levantamento da prefeitura, mais de 100 empregos diretos foram criados nas propriedades rurais e 200 indiretos na cidade de Prata, que tem cerca de 3.800 habitantes. “A produção do leite tem sido o respiro da nossa economia”, completou Júnior Nóbrega
Antes da criação do projeto em 2013, Prata tinha uma produção de 250 litros de leite por dia. Atualmente, o número chega a 1.500 litros. A projeção da associação é que se chegue a 2.000 litros diários nos próximos meses.
Após ser retirado das cabras nas propriedades, o leite é encaminhado para uma usina, onde é pasteurizado, envazado e encaminhado para o Governo do Estado, que compra a produção e distribui para famílias participantes do Programa Leite na Paraíba.
Produção de queijos
Outra aposta dos produtores é o queijo feito com leite de cabras. Aparecida Nóbrega, dona de uma fazenda, resolveu investir no alimento, mesmo não fazendo parte do programa de incentivo feito pela prefeitura. “Nessa seca tem que abrir o leque. Produzimos queijos comuns e com receitas de origem francesa. Aos poucos eles estão sendo comercializados em João Pessoa e em outros estados”, afirmou.
A produtora também faz queijos livres de lactose. “Estamos aproveitando a onda fitness que vem crescendo”, disse. “A gente ainda pretende incluir Prata na rota gastronômica. Seria mais um incentivo para os produtores se reinventarem”, comentou Aparecida.