Uma denúncia sobre compras de caminhões de lixo com valores superiores ao de mercado e com capacidade além da necessidade, feita pelo Estadão, incluiu as aquisições feitas em dois municípios paraibanos. As denúncias envolvem as compras em vários municípios do país com verbas federais.
No interior do estado, os 3,1 mil habitantes de São Domingos terão o lixo coletado por um caminhão moderno comprado com uma emenda de meio milhão de reais via Fundação Nacional de Saúde (Funasa). A máquina de R$ 549 mil é exagerada para a realidade local: com capacidade para 12 metros cúbicos de lixo, ela poderá recolher em uma única coleta todo o lixo produzido pela cidade em dois dias e meio.
Em Areia de Baraúnas, no interior paraibano, a prefeitura comprou um caminhão por R$ 470 mil também com emenda parlamentar. Os 2,1 mil habitantes terão um caminhão capaz de compactar quase 6 toneladas de lixo. A produção diária é de uma tonelada.
Em outro caso, na maior licitação de caminhões de lixo da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) nos últimos anos, uma empresa de Minas Gerais arrematou um lote de 110 caminhões, avaliado em R$ 52 milhões, com apenas um lance. A empresa também foi a única a fazer uma oferta, e a fase de disputa do pregão se encerrou depois de apenas 88 segundos. Segundo servidores públicos, a situação é incomum.