O estado da Paraíba possui um pólo de renda Renascença que se concentra especialmente na região do Cariri. Trata-se de uma arte que vem cada vez mais ganhando destaque no Brasil e pela moda mundo afora, gerando visibilidade e renda para as artesãs locais. Recentemente, o governo do Estado inaugurou na comunidade de Cacimbinhas, distrito de São João do Tigre, no Cariri paraibano, o Centro de Comercialização e Produção das Rendeiras Porcina Francisca da Costa. A Casa das Rendeiras, como é chamada, tem cerca de 50 profissionais cadastradas e recebeu investimento de R$ 300 mil por meio do Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase).
Ainda neste mês de junho deverá acontecer uma oficina sobre gestão para as artesãs, que inclui discussões sobre associativismo e prestação de contas. As profissionais também participam do Salão de Artesanato em Campina Grande, também neste mês. Segundo a gerente de Desenvolvimento Humano do Procase, Aparecida Henriques, futuramente deverá acontecer uma oficina de design. Todas as formações são oferecidas para as rendeiras do Cariri, que incluem a Associação de Resistência das Rendeiras da Comunidade de Cacimbinha (Arca) e também a Cooperativa de Produção de Bens e Serviços de São João do Tigre (Coopetigre).
Lucivânia Queiroz, sócia da Arca, afirmou que a nova sede veio para ajudar a produção e o próprio encontro das mulheres, que antes não possuíam local para se reunir. “O espaço veio para fortalecer a organização da produção e comercialização dos produtos de renda Renascença e esperamos que venha contribuir bastante para a comunidade”, destacou.
História
A Renda Renascença é uma atividade artesanal e uma técnica têxtil surgida no século XVI, tendo origem em Veneza, na Itália. Chegou ao Brasil pela mão das mulheres dos colonizadores europeus e passou a fazer parte das tradições rurais do semiárido do Nordeste brasileiro. Há influência muito forte também das freiras estrangeiras que, nos conventos, ensinavam este tipo de trabalho às alunas. A Renascença chegou à Paraíba na década de 1950 pelas mãos de algumas mulheres que residiam nos municípios de Camalaú, São João do Tigre, São Sebastião do Umbuzeiro e Zabelê, que na época eram todos distritos da cidade de Monteiro. No Estado, os municípios que concentram a produção da renda são Monteiro, Camalaú, São João do Tigre, São Sebastião do Umbuzeiro, Prata, Congo, Sumé e Zabelê. Nesse território, há o registro de pouco mais de quatro mil artesãs, aproximadamente 20% da população feminina na região. Atualmente, boa parte dessas rendeiras está organizada em associações e cooperativas.
Incentivo
O investimento por meio do Procase junto às rendeiras começou em 2014 com dois convênios no valor de R$ 290 mil, que à época beneficiaram diretamente 73 rendeiras da Coopetigre e da Arca. O Procase, desenvolvido pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento da Agricultura (Fida), investe mais de R$ 100 milhões em arranjos produtivos em 56 municípios do Cariri e Seridó. Foi também com este convênio que as mulheres da Arca puderam prosseguir com a construção da sede. Elas receberam incentivo para a construção do Centro e compra de máquinas de costura e aviamentos para desenvolvimento da produção.