Após um mês de janeiro com chuvas significativas na Paraíba, sobretudo no Sertão do estado, área que concentrou os maiores índices de precipitação, chegamos à época mais chuvosa da região semiárida, que ocorre entre os meses de fevereiro e maio. Segundo a meteorologista Marle Bandeira, da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado, para este período, a tendência prevista é de chuvas variando entre normais a abaixo do normal sobre o Nordeste brasileiro, um quadro que já representa uma evolução em comparação a anos anteriores, período de forte estiagem na Paraíba.
De acordo com a meteorologista, o que ocorre no período que se inicia em fevereiro independe das chuvas que já caíram em janeiro, causadas por um fenômeno meteorológico chamado de vórtice ciclônico de altos níveis, que é caracterizado pela formação de nebulosidade com o vento circulando no sentido anti-horário, sistema que é comum entre dezembro e fevereiro.
“De fevereiro a maio as chuvas são motivadas pela presença de uma zona de convergência intertropical”, justificou Marle, explicando que essa é uma área de nebulosidade que circula o globo terrestre e, nesta época, está normalmente ao sul do Equador, podendo se deslocar mais dependendo das condições oceânicas e atmosféricas.
Outro fator que pode proporcionar maior quantidade de chuvas é o enfraquecimento do fenômeno El Niño, caracterizado por alterações significativas na distribuição da temperatura da superfície da água do Oceano Pacífico, causando profundos efeitos no clima.
O Oceano Atlântico, que banha a costa brasileira, também se apresenta como um importante condicionante na variação climática do semiárido nordestino, em particular do estado da Paraíba. Atualmente, as condições demonstram uma tendência de favorecimento à ocorrência de chuvas no decorrer dos próximos meses. Porém, tal situação implica em um contínuo monitoramento, tendo em vista a grande variabilidade com que se comporta este oceano.