Declarações polêmicas do candidato do PRTB, Levy Fidelix, sobre homossexuais no debate entre presidenciáveis organizado pela TV Record neste domingo (28) geraram indignação nas redes sociais e repercutiram na imprensa internacional. Questionado sobre o motivo de candidatos conservadores se recusarem a reconhecer as uniões homoafetivas, Fidelix disse que o crescimento dos casamentos gays pode reduzir o tamanho da população brasileira e sugeriu que homossexuais precisam de “ajuda psicológica”.
“Luciana [Genro, candidata do PSOL à Presidência], você já imaginou que o Brasil tem 200 milhões de habitantes. Se começarmos a estimular isso aí [casamentos entre homossexuais] daqui a pouquinho vai reduzir pra 100. […] Então, gente, vamos ter coragem, nós somos maioria, vamos enfrentar essa minoria [gays]. Vamos enfrentar, não ter medo de dizer que sou pai, mamãe, vovô. E o mais importante é que esses, que têm esses problemas, realmente sejam atendidos no plano psicológico e afetivo mas bem longe da gente, bem longe mesmo por aqui não dá”, disse Levy Fidelix no debate presidencial da TV Record.
Na internet, imediatamente, usuários do Twitter e do Facebook criaram a hashtag #LevyVocêÉNojento para comentar as declarações do candidato do PRTB. O assunto se tornou um dos mais comentados no Twitter, chegando aos “trending topics” no Brasil.
A repercussão na internet fez com que diversos grupos convocassem eventos contra a homofobia nas redes sociais. Em um dos grupos, até a última atualização desta reportagem, cerca de 4 mil usuários já haviam confirmado presença no “Beijaço LGBT na Avenida Paulista”, marcado para esta terça (30), às 14h.
“Queremos fazer um ato que mostre que não aceitamos que esse tipo de discurso homofóbico do Levy possa ser dito com tanta naturalidade em rede nacional! É um absurdo que um presidenciável incite o ódio desse jeito, em um período em que todos os dias estamos vendo nas notícias a morte de gays, lésbicas, travestis e pessoas transexuais”, diz a página do evento no Facebook.
O jornal britânico “The Guardian”, um dos mais renomados do mundo, tratou os comentários de Levy Fidelix como uma noite “triste para a democracia brasileira e para a tolerância”. A publicação europeia também afirmou que o penúltimo debate televisivo antes da eleição presidencial brasileira foi “ofuscado” pelo “discurso homofóbico” de um dos candidatos “nanicos” na corrida eleitoral.
A declaração de Levy Fidelix surgiu a partir de uma pergunta de Luciana Genro sobre a violência contra a população LGBT. “O Brasil é campeão de morte da comunidade LGBT. Por que que as pessoas que defendem tanto a família se recusam a reconhecer como família um casal do mesmo sexo?”, indagou a presidenciável do PSOL ao adversário do PRTB.
“Jogo pesado agora”, ironizou Levy Fidelix. “Tenho 62 anos e, pelo que vi na vida, dois iguais não fazem filho. E digo mais: me desculpe, mas aparelho excretor não reproduz. É feio dizer isso mas não podemos jamais deixar esses que aí estão achacando a gente no dia a dia, querendo escorar essa minoria à maioria do povo brasileiro”, enfatizou.
Durante o comentário de Fidelix, Luciana Genro se mostrou surpresa com a resposta e afirmou, em sua réplica, que o casamento civil igualitário é fundamental para reconhecer juridicamente “qualquer tipo de família”.