O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), criticou nesta sexta-feira (4) a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor na 24ª fase da Operação Lava Jato. Ele classifiicou a ação de “ilegal” e “política”. Segundo o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), a ação da Polícia Federal foi um “espetáculo arbitrário”.
Para a oposição, o episódio mostra que “ninguém está acima da lei”, segundo palavras do líder do DEM na Câmara, deputado Pauderney Avelino (AM). Pelas redes sociais, o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, principal partido de oposição e derrotado na eleição presidencial do ano passado, afirmou que os indícios de que o PT cometeu crimes “estão vindo à luz”.
Deflagrada em março de 2014, a Lava Jato investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Nesta etapa, a Polícia Federal (PF) faz buscas na casa do ex-presidente, em São Bernardo do Campo, e em outros pontos em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia. O Instituto Lula também foi alvo da ação.
Perto das 8h40, Lula foi levado para o Aeroporto de Congonhas, em um carro descaracterizado, para depor à PF. Ele não foi preso. Às 8h51, ele prestava depoimento dentro do aeroporto.
O Instituto Lula nega acusações de irregularidades e afirmou em nota que a ação da PF é “arbitrária, ilegal e injustificável”. O instituto também afirmou que a entidade e o presidente Lula “sempre prestaram todas as informações solicitadas pelas autoridades”.
“Hoje, mais uma etapa da Operação Lava Jato confirma que é uma operação ilegal e política, que ataca o Lula, o PT e, principalmente, as conquistas populares”, criticou Florence.
Na avaliação dele, a ida obrigatória de Lula para depor é ilegal porque o ex-presidente já prestou esclarecimentos e não há provas.
“É ilegal porque o ex-presidente Lula já, sucessivas vezes, prestou depoimentos e não há dúvidas com relação a comprovação documental e a busca de pista em relação ao apartamento e ao terreno são malogradas, não existe pista, menos ainda, prova”, disse em relação ao triplex no Guarujá e o sítio em Atibaia, ambos no estado de São Paulo. A PF investiga se Lula seria o real dono dos imóveis.
Em sua conta no Twitter, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), defendeu Lula e disse se tratar de um “espetáculo arbitrário” levá-lo para depor.
“Aos companheiros e companheiras de jornada: o que foi feito hoje com Lula, é um espetáculo arbitrário e uma ameaça a ordem democrática!”, escreveu Guimarães. “Toda a nossa solidariedade a quem realizou uma verdadeira mudança no Brasil começando por mudar a vida dos brasileiros”, disse.
Para a deputada federal Jandira Feghali (PCdo-RJ), a condução de Lula foi uma “ilegalidade travestida de legalidade”. Na opinião dela, ao organizar uma grande operação para levá-lo para depor, a PF quis garantir “a foto”, “a espetacularização”.
“É importante dizer que se trata de ilegalidade travestida de legalidade. Eles queriam a foto, a espetacularização, a desconstrução moral do Lula. Isso é medo de urna”, disse, acrescentando que o ex-presidente nunca se negou a prestar esclarecimentos.
O senador Telmário Mota (PDT-RR) classificou como “exagero” a condução coercitiva para depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O nosso questionamento é: por qual motivo o presidente não foi convidado a depor de forma natural? Segundo o próprio delegado da PF essa ação já estava prevista desde dias anteriores. […] Se ele errou, ninguém tá acima da lei. Mas porque não convidam ele como convidam qualquer cidadão? Me pareceu que teve exagero”, disse.