O presidente do Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba (Coren-PB), Ronaldo Beserra, informou na noite desta quinta-feira (5) que uma comissão de ética foi instalada no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande e desde a última quarta-feira (4) investiga o fato envolvendo a enfermeira Priscilla Guedes, que foi flagrada em um vídeo dançando nas dependências da unidade hospitalar.
De acordo com Ronaldo Beserra, a comissão de ética, que atua de forma independente da administração do hospital, vai ouvir todos os envolvidos no caso, tomar depoimentos e, depois dessa fase, um processo ético será aberto no Coren-PB, onde os conselheiros irão deliberar se a enfermeira cometeu ou não uma infração ética.
Beserra salientou ainda que a enfermeira tem direito a ampla defesa e contraditório e que a demissão da profissional foi uma decisão administrativa do hospital. O processo ético servirá apenas para averiguar a conduta dos profissionais envolvidos no fato e se houve infração ética no exercício profissional.
A enfermeira não corre o risco de perder os direitos de exercer a enfermagem, já que “ela não cometeu nenhum crime contra o patrimônio público, contra a unidade hospitalar nem contra a vida de nenhum paciente”, salientou Beserra. O conselho também está instalando comissões de ética em vários hospitais do estado, informou o presidente do Coren-PB.
Voto de repúdio na ALPB
A mesa-diretora da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) aprovou nesta quinta-feira (5) um voto de repúdio à direção do Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, contra a demissão da enfermeira que foi filmada dançando na unidade em horário de trabalho, e de outros três técnicos de enfermagem. No requerimento, é pedido o retorno dos profissionais às suas funções.
O voto foi apresentado pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Frei Anastácio, e será enviado para a direção do hospital e a Secretaria de Estado da Saúde (SES). A direção do Trauma destacou que “representantes do povo têm que ter o máximo de responsabilidade de apurar os fatos para depois se manifestar, porque qualquer instituição pública ou privada tem seu regimento interno, normas de gestão que devem ser obedecidas”. Por sua vez, a SES ainda não se pronunciou sobre o tema.
Para o parlamentar, não houve inadequação na atitude dos profissionais de enfermagem. “Pelo que se vê nas imagens, não há nada que deponha contra o hospital, nem tampouco contra o exercício da profissão de enfermagem. Não podemos aceitar tamanho desacato, a um ato que não denota nenhum crime nem comprometimento do hospital, nem dos pacientes”, argumentou o deputado Frei Anastácio.
A enfermeira demitida garantiu que “nunca deixaria de dar assistência” e que não faltou responsabilidade com os pacientes. O diretor administrativo Geraldo Medeiros afirmou na quarta-feira (4) que o horário de trabalho na unidade “não é ambiente de descontração”. Segundo ele, a funcionária estava em plantão e foi chamada mais de uma vez para atender aos pacientes, enquanto dançava.
A enfermeira confirmou que estava no trabalhando no plantão, mas negou falta de assistência. “Para quem trabalha 24 horas tem que haver um momento de descanso. Ao contrário do que foi falado, toda a rotina do setor estava feita. Eu jamais deixaria de prestar assistência a um paciente, jamais colocaria em risco a vida de ninguém. Tenho tanto amor em trabalhar, quem conhece meu trabalho sabe a responsabilidade que tenho, sempre prestando o melhor de mim”, explicou Priscilla Guedes.
Ela afirmou ainda que havia outra profissional no atendimento aos pacientes. “Todo mundo que trabalha precisa de alguns momentos, até para ter gás de enfrentar o resto do plantão. Não tinha nenhuma intercorrência, tinha outra enfermeira respondendo por mim no balcão, era um ambiente fechado e não estava expondo nenhum paciente. Minha infelicidade foi que gravaram, quiseram me prejudicar e tomou essa proporção”, afirmou.
A enfermeira respondeu lamentando a demissão. “Não sou alguém que deixaria de prestar atendimento para estar rindo e brincando. Não é o perfil da enfermagem do Trauma, todos os profissionais são compromissados e competentes e posso me considerar parte desse perfil. Não vou dizer que me arrependo, seria hipocrisia minha. Me arrependo de ter deixado filmar e ter me empolgado e sido tão inocente. Não me arrependo do meu jeito feliz. Não esperava ser afastada do trabalho, mas lamento muito, porque nesse tempo de dedicação ao Trauma jamais nos arquivos teve uma queixa minha. A pessoa que me demitiu me disse isso. Mas eu não fui nem ouvida, fui logo demitida”, destacou Priscilla.