A Paraíba está muito próxima de um colapso em seu sistema de saúde público e privado e o aumento no número de leitos contra Covid-19 não está sendo suficiente para diminuir a taxa de ocupação nas unidades de terapia intensiva dos hospitais. O alerta é do Conselho Regional de Medicina da Paraíba, que realizou nesta sexta-feira (5) um censo hospitalar em 19 hospitais de referência existentes em território paraibano para o combate ao coronavírus.
As situações mais críticas estão na Região Metropolitana de João Pessoa e no Sertão da Paraíba. Em ambas as regiões, o índice de ocupação está acima de 90%.
Em João Pessoa, por exemplo, são 240 leitos de UTI Covid abertos atualmente. Apenas nos últimos 15 dias, houve um aumento de 41%, mas a alta no número de internações registradas no mesmo período manteve o quadro crítico. Desses 240 leitos, apenas 16 ainda estavam disponíveis nesta sexta-feira (5), o que indica uma ocupação de 93%.
“Estamos vivenciando uma iminência de colapso da rede pública e privada na Região Metropolitana de João Pessoa”, afirmou Bruno Leandro de Souza, que integra a Comissão de Enfrentamento ao Coronavírus do CRM-PB.
Bruno explicou que, nos últimos 15 dias, foram 50 novos leitos abertos na rede pública e 15 na rede privada da cidade. Foram 40 novos leitos no Hospital Santa Isabel, sete no Hospital Metropolitano, três no Hospital Universitário Lauro Wanderley, 10 no Hospital da Unimed e cinco no Nossa Senhora das Neves.
A situação também é grave no Sertão. No índice geral, a ocupação de UTIs na região é de 85%, mas a Unidade de Pronto Atendimento de Cajazeiras e o Hospital Regional de Pombal já são dois locais que não têm mais vagas disponíveis, funcionando com 100% de ocupação.
Além disso, os hospitais regionais de Patos e de Cajazeiras estão com 92% de ocupação cada. Apenas o Hospital Regional de Piancó, com 38% de ocupação em seus leitos de UTI, que joga a média um pouco para baixo.
Em números absolutos, do total de 55 leitos de UTI disponíveis no Sertão, 47 estavam ocupados, restando apenas oito para novas internações, sendo dois em Patos, um em Cajazeiras e cinco em Piancó.
A região de Campina Grande, conforme o censo do CRM-PB, é a única que está numa situação um pouco melhor, mas longe de estar tranquila. No momento atual, a taxa geral de ocupação de leitos de UTI está em 59%. Nos últimos 15 dias, foram instalados na cidade 30 novos leitos, no Hospital de Clínicas, que chegou a funcionar com 100% de ocupação.
O CRM da Paraíba alerta, no entanto, que, embora a taxa de ocupação de Campina Grande esteja menor que em João Pessoa e no Sertão, o número de internações na cidade vem crescendo, o que pode representar problemas num futuro bem próximo.
Vale registrar que os números do CRM são um pouco diferentes daqueles apresentados na mesma data pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), que no balanço desta sexta-feira (5) falou em taxa de ocupação de 88% em João Pessoa, 90% no Sertão e 68% em Campina Grande.
A assessoria de imprensa da SES informou que essas diferenças são normais por causa da alta rotatividade, provocada por altas e mortes de um lado (que abrem novas vagas) e por internações de outro (que ocupam os leitos).
Isso significa que o fechamento do balanço um pouco mais cedo ou um pouco mais tarde pode provocar algumas diferenças, mas que isso não muda o fato de que o estado está próximo de sua capacidade de atendimento.