Deflagrada nesta quinta-feira (18) em João Pessoa, Campina Grande, Patos, Paulista e Pombal, na Paraíba, a operação Bleeder foi desencadeada após uma delação premiada e a descoberta de um grupo em um aplicativo de mensagens, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF). A operação investiga o desvio de verbas em obras hídricas que custaram R$ 79 milhões na Paraíba.
Ainda de acordo com informações do MPF, a divisão do dinheiro e os detalhes de licitações de obras hídricas a serem executadas no Estado eram discutidos em um grupo em um aplicativo de mensagens. O grupo era denominado de ‘Os 3’ e composto por investigados pela operação.
As declarações feitas na delação premiada foram cruzadas com as trocas de mensagens. “Prints de conversa de WhatsApp, obtida do aparelho celular de Ednaldo de Medeiros, apreendido judicialmente […] entre o colaborador Ednaldo de Medeiros e Jorge Luiz corroboram as alegações do colaborador, no sentido de demonstrar que Jorge Luiz resgatou os cheques no vencimento utilizando-se de recursos depositados em contas de terceiras pessoas”, destaca magistrado na decisão.
Foi a partir da análise das mensagens, do depoimento do colaborador e de outros indícios que os investigadores aprofundaram a investigação. A ação é um desdobramento da Operação Recidiva.
De acordo com o MPF, as supostas fraudes licitatórias investigadas eram capitaneadas, em grande parte, pelo engenheiro João Feitosa Leite, falecido vítima de complicações da Covid-19 em abril deste ano. Mas o suposto ‘esquema’ teria tido continuidade.
Ele atuaria em algumas obras como engenheiro responsável pela elaboração do projeto, fiscal (contratado pelo município) e executor da obra pública, utilizando-se de empresas de fachada.
Para isso, conforme a representação do MPF, o grupo contaria com a ajuda do servidor do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), em Brasília, Celso Mamede Lima – que foi afastado do cargo.
A Polícia Federal, Controladoria-Geral da União e Ministério Público Federal, informaram, em coletiva de imprensa que organização criminosa dominava todos os ciclos de contratos e construções de barragens e açudes, além da fiscalização.