A manifestação inusitada de deputados oposicionistas, que entraram no Plenário da Câmara com o boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário, causou debate entre os líderes partidários durante a votação da minirreforma eleitoral.
O boneco, apelidado de Pixuleco, virou um dos símbolos dos movimentos que cobram o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Um dos que empunhou o boneco, o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) pediu a prisão do ex-presidente. “Lula na cadeia!”, afirmou.
A provocação foi rebatida pelo vice-líder do governo, deputado Sílvio Costa (PSC-PE). “Eu acho que parte dessa oposição devia estar na cadeia!”, afirmou.
Governistas consideraram a manifestação como quebra de decoro e pediram a retirada dos bonecos do Plenário. “Nós não podemos concordar com isso, com a exibição desses bonecos. Querem manifestar, que seja lá fora”, reclamou o vice-líder do PT, deputado Ságuas Moraes (MT).
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pediu calma aos dois lados e conseguiu retirar os bonecos de Plenário. “Faço um apelo aos parlamentares que trouxeram a sua manifestação, que já foi feita, para que nós possamos continuar concluindo o processo de votação”, intercedeu.
Pedido de impeachment
Mesmo assim, os debates dos líderes se concentraram no movimento que PSC, PSDB, DEM, PPS e Minoria pretendem lançar nesta quinta-feira (10) para juntar apoio ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Para Sílvio Costa (PSC-PE), a oposição ultrapassou os limites. “A oposição se reuniu, convocou a imprensa brasileira e disse que ia pedir o impeachment da presidente Dilma. Eles sabem muito bem que não existe motivo jurídico para pedir impeachment da presidente Dilma”, reclamou. Costa ressaltou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já teve popularidade baixa e nem por isso foi retirado do cargo.
O líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), no entanto, disse que o problema da presidente não é apenas a falta de popularidade. “O problema é que é um governo desmoralizado, sem rumo, sem norte, um governo que não existe mais”, criticou. O movimento pro-impeachment, segundo ele, vai “abraçar as vozes das ruas”.