Caro Magno,
Me chamo Gabriel Nunes, tenho 34 anos, e estou com meu pai, Pedro Rômulo Nunes, 67 anos, em viagem ao Peru. Nosso sonho era conhecer Macchu Piccchu e mergulharmos na cultura Inca.
Em outubro do ano passado resolvemos comprar as nossas passagens para março deste ano. Chegamos em Cusco no último dia 12, visitamos a cidade e fizemos o passeio do Vale Sagrado no sábado. No domingo, seguimos para águas calientes, enfrentando 8h de chão numa Van e 12km de caminhada.
À noite, por volta das 22h comprei a passagem de ônibus para Machu Picchu para o dia seguinte, 16, chegarmos à terra dos nossos sonhos. Mas logo após a compra das passagens, o presidente do Peru decretou isolamento social, o que causou uma confusão terrível, pois ele queria dizer 23h59 do dia 16 e a população entendeu que seria as 23h59 do dia 15, ou seja, na segunda-feira tudo já estava fechado por causa do coronavírus.
Quando acordamos, às 6h da manhã da segunda, fomos à estação de trem tentar voltar para Cusco e remarcar o voo para o Brasil.
Mas a estação estava lotada e não havia garantia de passagens. Retornarmos a pé 12km e mais 7h de Van. Chegamos em Cusco às 15h e não tinha hotel, a cidade estava um caos.
Graças a Deus, encontramos uma hospedaria. O aeroporto estava lotado e só entrava quem tinha passagem. Não vendiam mais passagens.
Ontem, o presidente do Peru abriu para os estrangeiros sairem. Mas não tem vôos e a Embaixada brasileira diz que esta esperando as companhias aéreas regularizarem.
Os EUA, México e Israel já começaram a anunciar voos para a saída de seus nacionais. Mas o Brasil não. Estamos aqui, portanto, exilados pelo corona sem ter a menor noção do nosso retorno.
Gabriel Nunes
Advogado