A presidente afastada Dilma Rousseff (PT), discursou nesta quarta-feira (15), em João Pessoa, na audiência pública proposta pela Assembleia Legislativa, que debateu a construção da democracia e o atual momento político brasileiro.
Com o Espaço Cultural cheio de populares, movimentos sociais e militantes, Dilma falou sobre o governo interino de Michel Temer ter autorizado a retirada dos recursos já depositados, para a finalização da obra do Viaduto do Geisel em João Pessoa.
“É um fato que eu considero aterrador, os recursos necessários para uma obra estratégica de mobilidade urbana terem sido retirados. Dias antes da votação do impeachmet foi feito o depósito de R$ 17 milhões para a conclusão da obra e isso é legítimo. Tirar o dinheiro é fazer policagem, é confudir o dinheiro público com o dinheiro pessoal, isso está na origem da corrpução. É um claro desvio de poder. Uma obra concreta que beneficia o povo da Paraíba, é crime contra o povo da Paraíba. Se fazem na Paraíba, poderão fazer em qualquer parte do país”, afirmou.
Dilma disse ainda que, “esta é uma prática antiga e não pode ser aceita. Fizemos parcerias com todos os governadores e prefeitos sem discriminação em relação à patidos e tenho a honra de ter tido grandes parceiros. Estou na terra das mulhres e homens que lutaram contra a república velha. Nos orgulhamos de ter implantado no Brasil uma relação republicana mesmo com nossos opositores, porque governamos para o povo e não para um grupo político de minoria”.
Sobre democracia, Dilma Rousseff falou que atualmente a democracia é uma árvore que está cheia de parasitas. “Estamos aqui hoje em um ato pela democracia, foram as conquistas mais duras que nosso povo teve no seculo XX , todos sabemos, princpalmente aqueles que viveram a ditadura sabem na pele o valor da democracia e foi conquistada com muita luta. A democracia no Brasil foi um ato construído pelo povo brasileiro. O Brasil está vivendo com esse processo de impeachment um verdadeiro golpe. Imaginemos a democracia como sendo uma árvore, o golpe é como um machado que corta a árvore. Mas estamos vivendo outro tipo de golpe, porque a árvore está cheia de parasitas”, ressaltou.
Para Dilma, o processo democrático garantiu para todos a possibilidade de falar o que pensamos, de defender aquilo que acreditamos e sobretudo de escolher quem nos representa. “Esse é um processo que tem como qualquer outro processo humano suas imperfeições, mas é ainda um dos processos humanos de representação aquele que garante maior liberdade a todos”, afirmou.
Na oportunidade, ela agradeceu à Assembleia Legislativa da Paraíba, ao governador Ricardo Coutinho e ao povo da Paraíba pela recepção. Cumprimentou e saudou os políticos presentes à mesa, bem como os trabalhadores, os movimentos sociais, estudantes, mulheres, negros, LGBT’s, e Elizabete Teixaira, especialmente, a viúva do líder camponês João Pedro Teixeira.
Em relação à transposição do Rio São Francisco, Dilma ressaltou que estará atenta caso a ligação não seja concluída a tempo. “Vou olhar essa situação para garantir que a população de Campina Grande, principalmente, não corra o risco da falta de água”, ressaltou.
Por fim, ela acrescentou que o Brasil sempre acreditou na democracia, enfatizou a luta das mulheres e afirmou que é fundamental resistir, enfrentar e mudar. “Esse país sempre acredirou na democracia, eles quiseram que eu renunciasse, não renunciei. Eles achavam e diziam que eu era uma pessoa muito dura e estava no mundo da lua, mas eles esqueceram de dizer que a mulher brasileira é sobretudo, firme e lutadora. É fundamental resistir, enfrentar e mudar. Nós mulheres sabemos disso. Tenho muito orgulho do apoio que tenho recebido das mulheres e sei reconhecer esse apoio e olhar a luta das mulheres deste o tempo da escravidão, as mulheres desse país resistiram a muitas lutas. Nesse momento só a força da solidariedade e toda energia que vocês me passam e que compensam esse sofrimento e essa injustiça”, comemorou.