DILMA ROUSSEFF E RICARDO COUTINHO – IDENTIDADES

Por Zizo Mamede

Aos que enxergam a política como a arte do sofisma – com o perdão dos sofistas pela degeneração da palavra –, do jogo de cintura, da acomodação e do carisma, o governador da Paraíba, Ricardo Coutinho é uma esquisitice bem sucedida, dada sua bem sucedida performance eleitoral e o exercício dos mandatos parlamentares e no poder executivo.

Os que reclamam publicamente de Ricardo acusam-no de não ter tato com os políticos, de não ser acessível às “demandas” dos deputados e das corporações de servidores, em suma de ser centralizador, intransigente, avesso ao diálogo, em suma, autocrático. – É curioso notar que essa avaliação não está na voz do cidadão comum.

É tão curioso perceber que os políticos descontentes nunca dizem às claras porque e em que não são “bem tratados” pelo governador Ricardo Coutinho. A população da Paraíba nunca sabe qual é a verdadeira causa dessas reclamações e descontentamentos.

A narrativa construída sobre o mandatário “difícil”, que não “trata bem” os políticos é repercutida diariamente por uma significativa parcela da imprensa paraibana. Mas, esta mesma imprensa não faz um questionamento que seria óbvio: O que dizer das políticas públicas do governo de Ricardo Coutinho? – Não seria esta a questão mais importante para ser levantada acerca do atual governo da Paraíba, em um dos estados mais pobres e socialmente injustos do país?

Aliás, para ser justo com a mídia paraibana, três temas recorrentes são pautados acerca das políticas e dos serviços públicos, a violência, as querelas com as diversas categorias de servidores públicos e as insuficiências da CAGEPA. Mas, mesmo nestas pautas a mídia paraibana vê com uma lupa esses problemas, como se eles não estivessem inseridos num contexto mais amplo, como se governadores de todos os matizes políticos, do PT ao DEM, não enfrentassem esses mesmos desafios.

Entretanto, voltando à questão escamoteada pelos adversários do governo da Paraíba, o que dizer das políticas públicas? O que avaliar do esforço bem sucedido do governo para equilibrar as finanças do Estado? O que avaliar da infinidade de parcerias com o Governo da presidenta Dilma Rousseff e com todos os gestores municipais? Que dizer das obras estruturantes? Das políticas de fomento à produção e ao emprego? Das ações enfretamento aos efeitos das estiagens? – Não interessa essa discussão não é mesmo?

Nesses dias próximos passados, no auge da rebelião dos parlamentares federais contra a presidenta Dilma Rousseff, o Congresso Nacional mostrou-se “cagado e cuspido” uma cópia ampliada Assembleia Legislativa da Paraíba. Lá, como cá, as reclamações eram as mesmas, contra os “maus tratos” por parte da “gerentona” do Palácio do Planalto face às demandas dos políticos. Contra a falta de “ginga” e a rispidez da impassível presidenta.

Láno Congresso naciona, como cá na Assembleia Legislativa, nenhum rebelado deixava às claras o verdadeiro motivo das insatisfações. – Os rebelados do Congresso Nacional em nenhum momento pautaram as políticas públicas do governo federal. A mídia nacional fez coro com eles, emudecendo sobre a pergunta tão óbvia: De que reclamam mesmo?

As similaridades políticas entre Dilma Rousseff e Ricardo Coutinho não se limitam aos estilos duros, de pouco traquejo de que são acusados pelos políticos e pela mídia. Há uma grande identificação entre ambos quanto ao ritmo de trabalho e a capacidade de gestão dos programas que tiram do papel e que se refletem no dia a dia da população.

Aqui na Paraíba os governos de Dilma e Ricardo não seriam exitosos um sem o outro: Em grande medida, o governo federal faz neste Estado é em parceria com o governo do Estado e vice-versa. – Seus críticos, involuntariamente, veem todas essas identificações.

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