O fenômeno meteorológico El Niño, que afeta o clima em todo o mundo, deve se consolidar a partir do fim de junho, com possível aumento de temperaturas e diminuição de chuvas em algumas partes da Paraíba. A informação, dada nesta sexta-feira (26), é da meteorologista Marle Bandeira, da Agência Estadual de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa).
Segundo apurado, o El Niño é formado com o aquecimento das águas da faixa equatorial do Oceano Pacífico. Marle explicou que essa elevação da temperatura das águas muda a configuração global do clima, interferindo na formação das chuvas.
Na Paraíba, o fenômeno deve agir comprometendo a qualidade e periodicidade das chuvas na faixa leste do estado, que compreende o Litoral, Agreste e Brejo e com possível elevação de temperaturas na faixa oeste, que abrange o Cariri, Curimataú, Sertão e Alto Sertão.
“Vamos entrar no período de inverno e de chuvas. Na faixa leste, que é o período que temos mais chuvas, podemos ter uma diminuição dessas ocorrências. Já na faixa oeste pode não comprometer tanto porque não está mais no período chuvoso. O que poderemos registrar é uma pequena elevação das temperaturas mínimas”, analisou Marle.
Essa previsão, conforme Marle, depende também da intensidade do El Niño, que só poderá ser analisada quando o fenômeno já estiver em curso. Se ele for de moderado a forte, a previsão é de aumento de temperatura em todo o estado, principalmente no mês de dezembro.
De acordo com Marle Bandeira, não há previsão de quanto tempo o El Niño vai durar. O outro fenômeno climático que também afeta todo o globo é o La Niña. Ao contrário do El Niño, o La Niña ocorre quando as águas do Pacífico esfriam. Este fenômeno durou de 2020 a março deste ano.
Para exemplificar que o El Niño não é o único fenômeno que causa aquecimento e diminuição das chuvas, Marle Bandeira citou os anos de 1998 e 2012. Segundo a meteorologista, os dois anos foram de seca e elevação de temperaturas, mas o El Niño só atuou em 1998.
“2012 foi um dos anos de mais baixa média de chuvas no estado e não tivemos El Niño. Ele perdeu só para 1998, que também foi de média bem baixa, mas houve o fenômeno. Além do El Niño também temos influência dos ventos, da temperatura. São vários os fatores que podem afetar a intensidade do fenômeno. O Oceano Atlântico está favorável para a formação de nuvens e pode ser que mesmo com o El Niño tenhamos chuvas. Lembro sempre que é previsão e a população deve entender isso. Vamos monitorar a situação dia a dia e informar a população sobre a intensidade do El Niño”, falou Marle.