Na conversa em que gravou o presidente Michel Temer, o dono do frigorífico JBS, Joesley Batista, relata uma sequência de crimes que vão de obstrução à Justiça, suborno de procuradores e compra de informações privilegiadas.
A gravação do empresário que fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR) mostra até tentativa de ter influência em órgãos que regulam e fiscalizam as atividades do grupo empresarial.
Ao longo do encontro, Temer ouviu tudo e não condenou os relatos de crimes do empresário em nenhum momento. Pelo contrário, em alguns trechos da conversa, o peemedebista chegou a repetir que tava “ótimo”. Além disso, o presidente da República não mandou investigar nada.
Com desembaraço e demonstrando intimidade com o chefe do Executivo federal, Joesley pediu na conversa facilidades dentro do governo e combinou encontros na calada da noite.
Joesley Batista foi em 7 de março ao Palácio do Jaburu – residência oficial da Vice-Presidência na qual Temer ainda mora com a família – para encontrar com o presidente da República às 22h40. O compromisso não estava na agenda oficial do peemedebista.
Com o gravador no bolso, o dono da JBS registrou cerca de 30 minutos de conversa. Na vasta documentação entregue pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF), os investigadores fazem uma análise desse áudio.
No começo da visita informal ao presidente da República, Joesley informa o motivo do encontro. O empresário diz a Temer que antes estava conversando com o ex-ministro Geddel Vieira Lima e com o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, para tratar de interesses do seu grupo empresarial.
Então, o delator explica ao peemedebista que, em razão das investigações decorrentes da Operação Lava Jato, gostaria de saber com quem deveria falar, quem seria o interlocutor do presidente.
“Eu vinha falando com o Geddel ali, tudo bem, enfim, andei falando algumas vezes com o Padilha também, mas, agora o Padilha adoeceu, ficou adoentado, ai eu falei, deixa eu ir lá, pra dar…”, ressaltou Joesley Batista.