O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi condenado a cinco anos de prisão – em regime, inicialmente, fechado – pelo crime de lavagem de dinheiro. A decisão do juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, é da tarde desta terça-feira (26). Esta é a primeira condenação de Cerveró, que também é réu em mais uma ação penal e já está preso em Curitiba.
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Nestor Cerveró adquiriu para si, mas em nome de uma empresa, um apartamento de luxo no Rio de Janeiro com dinheiro que recebeu como propina na Petrobras – a acusação de recebimento de propina é apurada no outro processo. Cerveró simulou um contrato de locação do próprio imóvel para justificar o uso, de acordo com a denúncia.
O imóvel, localizado no Rio de Janeiro, no bairro de Ipanema, foi adquirido por R$ 1,532 milhão pela empresa Jolmey. Conforme a denúncia, a offshore foi constituída no Uruguai por Cerveró e o advogado uruguaio Oscar Algorta, e posteriormente no Brasil, quando ingressou no país com capital de R$ 2,6 milhões. O dinheiro foi utilizado, segundo os procuradores, para adquirir o apartamento, para empreender uma reforma de R$ 690 mil no imóvel, e para bancar impostos e honorários de advogados.
Algorta também era réu neste mesmo processo criminal, sendo acusado de ter lavado parte do dinheiro desviado com a compra do apartamento em nome da offshore. Porém, como reside no exterior, a ação contra ele foi desmembrada deste processo.
Atualmente, o apartamento está avaliado em R$ 7,5 milhões, segundo o MPF. Na sentença, Moro determinou o confisco do imóvel e que, após alienação, o produto da venda seja revertido à Petrobras, apontada como vítima dos crimes antecedentes à lavagem de dinheiro.
O advogado que representa Nestor Cerveró no processo, Edson Ribeiro, afirmou ao G1 que discorda do conteúdo da sentença, e que irá recorrer. Questionou, ainda, a rapidez com que a sentença foi publicada, uma vez que as alegações finais de Cerveró foram apresentadas pela defesa apenas após as 22h de segunda-feira (25).
“Eu estranho justamente essa rapidez. Todos nós dormimos pelo menos umas seis horas, oito horas. Então, em sete horas foram lidas as alegações e apresentada uma sentença com 50 e poucas páginas. Denota-se que a sentença já estava pronta, aguardava apenas a formalização da entrega pela defesa e mais nada. Esse é um fato de relevo”, afirmou o advogado, que disse ainda que o caso demonstra “total desprezo pelo devido processo legal”.