A ex-senadora e ex-ministra Marina Silva afirmou neste domingo (23) que o governo iria “acabar fazendo” muitas medidas econômicas que foram criticadas pela presidente Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral. Ela participou de encontro da Executiva Nacional da Rede Sustentabilidade, em Brasília.
Segundo Marina, a campanha de Dilma se utilizou do “marketing selvagem” para ganhar as eleições mas acabou recuando em pontos que antes eram criticados, como o aumento da taxa de juros e a redução da meta fiscal para o ano de 2014. A previsão do governo para o ano de 2014 era atingir o superávit primário de R$ 80,8 bilhões. Entretanto, enviou um projeto de lei ao Legislativo abandonando completamente a meta. Pela proposta, as contas do governo poderão registrar até mesmo déficir neste ano.
“Uma coisa foi o marketing selvagem praticado [por Dilma] para ganhar as eleições. Outra coisa agora é o confronto com a realidade”, criticou. “A tipificação que eu coloquei desde o início é de que muitas medidas que a presidente criticou, ela ia acabar fazendo”.
Ela também foi questionada sobre o que achava da possível indicação de Joaquim Levy para chefiar o Ministério da Fazenda no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Ex-secretário do Tesouro Nacional, Levy se tornou a principal opção para o Ministério da Fazenda depois que Luiz Carlos Trabuco, diretor-presidente do Bradesco, declinou do convite para assumir a pasta.
“Ainda não temos uma nomeação. Eu não quero ficar me manifestando apenas por indicações, estou aguardando as nomeações reais […] O Joaquim Levy foi do governo do presidente Lula, é uma pessoa competente”, avaliou a ex-senadora.
Lembrada sobre os ataques que recebeu da campanha petista que, de acordo com ela, tentou associar negativamente sua imagem aos banqueiros, Marina comentou que Levy foi “responsável pelo superávit fiscal” de 4,25% do PIB no governo Lula, patamar considerado elevado. A medida, segundo ela, foi duramente criticada por Dilma durante a campanha eleitoral.
Marina também disse que não falaria sobre uma possível ida da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para a pasta da Agricultura. “Eu não quero ficar falando por hipótese. Eu não sei, a presidente ainda não se manifestou”, disse, antes de afirmar que o Brasil sofreu retrocessos na área nos últimos anos.
Registro da Rede no TSE
O porta-voz da Rede Sustentabilidade, Walter Feldman, informou que ainda faltam 32 mil assinaturas para que o partido seja registrado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com a lei, são necessárias 492 mil assinaturas validadas por cartórios eleitorais para que um partido seja registrado.
O grupo político idealizado pela ex-senadora Marina Silva teve o registro negado pelo TSE em 2013 pois não atingiu o mínimo de assinaturas necessárias. Sem partido, Marina filiou-se ao PSB para concorrer às eleições presidenciais em 2014. No primeiro turno, ela recebeu 22.176.619 votos (21,32%), e terminou a disputa em terceiro lugar.
“Nós trabalhamos muito a questão do trabalho em relação a coleta de assinaturas. Nós, a todo momento, dizíamos que iríamos retomar o trabalho […] Pretendemos ter a Rede legalizada, se possível, no primeiro trimestre de 2015. Pelos nossos cálculos, 32 mil assinaturas seria um número suficiente para que o TSE autorizasse a legalização da Rede”, disse Feldman.
Feldman ainda comentou sobre a relação polícia com o PSB, partido que abrigou militantes da Rede para a eleição deste ano. Segundo o deputado federal licenciado, a legenda tem uma relação “politicamente estável” com o partido socialista. Ele também afirmou que a Rede irá manter uma posição de “oposição independente” ao governo.
“Nós fomos lá abrigados, uma filiação democrática, e pretendemos manter essa posição. Vamos dar avanço e celeridade na criação da Rede […] Mas pretendemos ter uma linha de proximidade com o PSB. Há muitas semelhanças, similaridades [entre os partidos]”, completou.