O exercício do voto é de grande responsabilidade e embora a consciência política muitas vezes esteja distante é somente através dessa prática que pode-se legitimar um processo democrático.
O que esperar daqueles que colocam seus nomes para julgamento? Essa e outras tantas perguntas não são fáceis de responder. No mínimo, qualquer cidadão que opte por representar uma comunidade deverá, acima de qualquer coisa, ser pessoa idônea, ilibada, capacitada, íntegra.
Claro que há um perfil desejável para qualquer candidato, mas infelizmente muitos nem apresentam sequer um plano para a população. E mesmo assim somos levados a votar, mas o voto não é efetivo, pois os políticos nem sempre cumprem o que dizem.
Ao votar, é preciso considerar o passado pessoal, político e partidário do candidato, assim como suas propostas e ideias. Além disso, o cidadão deve manter-se bem informado, definir e fazer bem as suas escolhas. Há o voto expressão da cidadania, o voto perdido, o voto vencedor, o voto comprado ou vendido, o voto útil, o voto branco, o voto nulo. São muitas as possibilidades, mas apenas o “voto consciente” pode modificar o cenário político que se tem hoje.
Mas como exercer o direito do voto se falta consciência? Na verdade, além do pouco grau de escolaridade, da falta de uma condição humana digna, os eleitores ainda enfrentam a prática “perversa” de muitos candidatos. É óbvio que muitas vantagens e benefícios temporários são oferecidos durante o período da eleição. E isso pesa profundamente quando percebe-se a carência de boa parte da população. A negação dos direitos, a ausência de políticas públicas e de uma educação capaz de transformar essa realidade. Há anos e décadas verificam-se essas práticas. Não é à toa que Paulo Freire vai dizer…”Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica”.
Para Michel Foucault uma relação de poder se forma no momento em que alguém deseja algo que depende da vontade de outro. Esse desejo estabelece uma relação de dependência de indivíduos ou grupos em relação a outros. Quanto maior a dependência de A em relação a B, maior o poder de B em relação a A.
Fica claro a realidade praticada hoje no âmbito dos governos municipais, estaduais e principalmente no governo federal, sem nenhuma preocupação com aplicação de verbas na educação, pois quanto menor é a informação, maior é chance de se perpetuar no poder.
Pode-se portanto, afirmar que é necessário criar uma consciência política urgente, através da educação, de uma melhor distribuição de renda, permitindo que os cidadãos tenham condições efetivas de exercer com isenção o seu voto, ou corre-se o risco da permanência dessa terrível prática eleitoreira chamada de “compra e vendas de votos”.
(Me. Ivan Alexandrino)