A casa onde morou o ex-médico Roger Abdelmassih, a mulher Larissa Sacco e os dois filhos no Paraguai está avaliada em US$ 1 milhão. O dono da imobiliária Saturno, responsável pelo contrato de locação, Miguel Portillo, disse que o ex-médico era uma “pessoa impressionante, nobre e muito religiosa” e que “se apresentou como aposentado”.
“Um aposentado com muito dinheiro. Ele não pagava por algum tempo, mas depois pagava. Ele estava com cinco ou seis meses em atraso. Ele tem quase 300 anos de pena para cumprir, acho que vai demorar para recebermos, mas a mulher dele, que está solta, pode providenciar isso”, disse Portillo.
Abdelmassih, de 70 anos, foi preso na terça-feira (20), em Assunção, após passar três anos foragido. Ele foi condenado pela Justiça a 278 anos de reclusão pelos crimes de estupro e atentado violento ao pudor. Ao todo, foram 48 ataques registrados.
O corretor afirmou ter informações de que Larissa já deixou o Paraguai. “Soubemos que a mulher dele está no Brasil. O contrato sempre foi negociado com Ricardo Galeano (nome usado por Roger Abdelmassih no país). Ele me apresentou a cédula de identidade e fizemos uma cópia.”
Portillo se mostrou assustado com o perfil verdadeiro do cliente. “A negociação do aluguel sempre foi feita com Ricardo Galeano. A mulher nunca apareceu. Ele sempre nos visitava para tomar café, quando fez o contrato, para pagar o aluguel. Ele me parecia a melhor pessoa que conheci. Pela forma como se portava, pela amabilidade que tinha, não sei, a melhor pessoa estrangeira que conheci. Não digo que as outras estrangeiras não são boas, mas era uma pessoa muito nobre. Falava muito de Deus, da colaboração que fazia para a igreja. Sempre dizia ‘vai com Deus’. Era uma pessoa impressionante.”
Segundo ele, o primeiro contrato foi de dois anos de locação. “O contrato foi renovado por mais quatro anos e vai até 2018. O valor do aluguel era de US$ 4,8 mil. Ele sempre atrasava o pagamento, chegou a ficar seis meses em atraso, mas depois vinha e pagava quatro, três meses de uma vez. Ele fracionava o pagamento das dívidas.”
Portillo disse que falou com Larissa, que se identificava como Lara, no dia da prisão de Abdelmassih. “A última vez que ela falou com a gente foi na noite que ele foi preso. Ela levou as chaves, mas conseguimos entrar porque somos administradores da casa. Eles deixaram sapatos, roupas e muitos objetos pessoais. Os móveis são todos da casa. Precisamos continuar alugando a casa, não podemos ficar com contrato eterno. Vivemos da locação de imóveis e não podemos esperar muito. Queremos que tudo seja esclarecido rapidamente.”
O corretor acompanhou o trabalho do Ministério Público e da Polícia Nacional no imóvel nesta sexta-feira (22). “Viemos hoje [ontem] para zelar pelo imóvel. Aproveitamos que a promotoria estava aqui para pedir providências para que nós possamos rescindir o contrato e reaver o imóvel. Estamos tomando cuidado para ninguém entrar na casa.”