Por Zizo Mamede
Na derrubada do governo Dilma Rousseff nunca esteve em pauta o combate à corrupção. Mas, o PIG (Partido da Imprensa Golpista), comandado pela Rede Globo, conseguiu confundir uma parcela significativa da população, misturando reportagens sobre a Operação Lava Jato com matérias sobre as acusações de “pedaladas fiscais” cometidas pela presidenta eleita.
Tudo combinado na República de Curitiba, presidida pelo super-herói dos golpistas, o juiz Sérgio Moro: semanalmente, nos dias de quinta-feira a domingo, o juiz Moro publica suas medidas cinematográficas agendando-as com delegados da Polícia Federal e com o PIG. As TVs fazem a cobertura em tempo real. Por três anos a fio o espetáculo se repete.
A revista Veja ou outra qualquer entre as agências do PIG transformam suspeitas e delações em denúncias e denúncias em vereditos: se é contra o PT e os governos petistas estão condenados. Os matraqueiros são correias de transmissão do PIG e sem nenhuma cautela investigativa repetem a mesma ladainha à exaustão.
Os golpistas sabem o que querem. O pessoal que veste a camisa da CBF não. Os golpistas promovem a derrubada do governo reeleito porque querem controlar a economia do país, substituindo a política econômica social-desenvolvimentista pelo neoliberalismo derrotado nas urnas em quatro eleições seguidas.
Os golpistas querem controlar o Banco Central para manter os lucros estratosféricos dos credores da dívida pública brasileira: uma infinitesimal parcela da população, cerca de 20 mil famílias, que nos últimos 12 meses abocanharam mais de 500 bilhões de reais do orçamento do governo federal só com os juros recebidos da dívida que sangra o país.
Os golpistas querem controlar o governo para desmontar o incipiente Estado de Bem-Estar Social que retardatariamente começou a ser construído nos governos de Lula e Dilma. Querem descontruir, com o apoio do PIG, as políticas de proteção que atacam as urgências da dívida social do Brasil: Bolsa Família e Fome Zero, Minha Casa Minha Vida, expansão do ensino técnico superior, etecetera.
Os golpistas querem reverter a política de valorização e/ou proteção salarial instituída nos últimos treze anos. Os golpistas questionam a política de aumentos reais do salário mínimo, alegando que gera inflação. Os golpistas querem esvaziar a política do piso nacional dos professores, alegando que causa desequilíbrio fiscal nos governos estaduais. No mesmo rumo querem mudar os benefícios da Previdência Social e destruir a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
Os golpistas querem privatizar o Pré Sal e a Petrobrás. Querem fragilizar o BRICS, porque são aficionados seguidores da dependência externa: uma aliança política e econômica entre a elite nacional e a elite multinacional, que submete o país aos países centrais do capitalismo.
Os golpistas querem barrar a política de combate à corrupção. O governo interino de Temer, com o PMDB, PSDB, DEM e PPS, está repleto de figurões que constam nas listas de denunciados por roubo do dinheiro público e das estatais. Por trás do governo interino está o poderoso Eduardo Cunha, o corrupto-mor da República. – Os golpistas querem escapar.
Os golpistas sabem o que querem e o que não querem: não querem correr o risco de perder mais uma eleição para um campo à esquerda, democrático e popular, cheio de contradições e erros, mas identificado com os interesses da maioria da população, que finalmente foi incluída no orçamento governamental por Lula e Dilma.
E os trouxinhas, por onde andam? – Os trouxinhas caíram em campo, foram às ruas e às redes sociais em nome do combate à corrupção. Os trouxinhas fizeram a parte que o PIG lhes reservou. Vestiram verde-amarelo. Bateram panelas. Fizeram arruaças nos restaurantes e livrarias onde encontraram petistas. Destilaram ódio contra o PT. Nem de longe pensaram nos sonegadores. Nem de longe se lembraram dos credores da dívida pública, os agiotas oficiais.
O foco dos trouxinhas era Dilma e Lula. Os trouxinhas se aliaram a Eduardo Cunha e Temer, a Aécio e Marina, a Gilmar Mendes ao PIG para derrubar Dilma. Os trouxinhas desfilaram com o “pato” da FIESP. O problema dos trouxinhas não era contra os corruptos, era intolerância contra o PT. Os trouxinhas cegaram de ódio, envenenados de ódio. Intoxicados de ódio.
Para os trouxinhas o piquenique acabou: Corruptos no poder, protegidos da Justiça por um tempo. O governo interino começa o desmonte da agenda social. Agora os trouxinhas estão calados. Cúmplices. Envergonhados. Trouxinhas manobrados pelo partido do golpe fingem que não são trouxas e que não têm nada com isto.
E os matraqueiros, onde estão? – Os matraqueiros são correias de transmissão do PIG. Aos matraqueiros cabe o papel que lhe foi reservado: Depois de demonizar Lula, Dilma e o PT, agora cabe aos matraqueiros engolir, sem mastigar, o jornalismo chapa-branca do PIG, aliado do governo interino. Engolir sem regurgitar os noticiosos do PIG. Engolir e defecar adiante para outros engolirem de novo.
Golpistas pensam, maturam, articulam, manobram. Golpistas sabem o que querem: um governo branco, rico, macho, corrupto e neoliberal. Trouxinhas e matraqueiros pensam tardiamente. Pensam o pensamento dos outros. Trouxinhas e matraqueiros: midiotas do mesmo saco.