Um agricultor familiar possui uma propriedade com nove hectares de terras no município de São José de Cordeiros, no Cariri paraibano, onde desenvolve atividades agrícolas e mantém pequena criação de caprinos que, na opinião dos técnicos da Gestão Unificada Emater/Emepa/Interpa (GU) é modelo para outros, seja pela correta aplicação das tecnologias sugeridas ou pelo correto tratos culturais, como também pela liderança que exerce na comunidade.
O agricultor Paulo Almir Morais, dono do Sítio Pedra Lavrada, não é apenas um criador de caprinos que começou com um pequeno rebanho adquirido com dinheiro do Plano Brasil Sem Miséria, mas porque soube perseverar reserva estratégica de pastagem ração animal durante estiagem sem prejudicar o andamento das atividades agrícolas, como ocorreu nos últimos três anos, também sabendo administrar os recursos hídricos disponíveis.
Com seu exemplo, mostrou que a pessoa pode contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar quando se dispõe a ajudar, exercendo outras atividades, mesmo que para isso dependa de muita energia. Como líder da comunidade, Paulo Morais é presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS), presidente da Associação Comunitária de Pedra Lavrada e também do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município de São José dos Cordeiros. “Nosso tempo é preenchido com muito trabalho, mas é gratificante e compensador”, comenta.
Ele conta que antes de recorrer ao Plano Brasil Sem Miséria trabalhava apenas apicultura, inicialmente com duas colmeias, mas chegou a possuir 20 colmeias espalhadas na redondeza. No entanto, devido às estiagens prolongadas, sem a floração necessária, foi obrigado a buscar outra atividade. O mel produzido, considerado de excelente qualidade comprovada em análises que mandou fazer, vendia ao PAA e nas cidades vizinhas. Orientado pelo Emater local, acessou recursos do Pronaf, começando a criação de cabras, apesar de ser em pequena escala.
O avanço se deu no ano de 2013, quando, novamente recomendado pelos extensionistas, buscou recursos do PBSM e comprou oito cabras, ampliou o curral e melhorou o aprisco, estando atualmente com 27 cabras, muitas das quais prestes a dar à luz. “Aos poucos vamos aumentando o rebanho”, comenta.
Ele disse que criar cabra era seu desejo desde o tempo da juventude, porque sempre foi uma atividade exercida pelos seus pais. Agora, com o plantel de certa forma consolidado, produz leite que comercializa ao Programa de Aquisição de Alimentos e trabalha com a engorda de animais destinados à comercialização de corte. Houve um tempo que produziu queijo, mas com a redução da produção de leite decidiu suspender essa atividade.
“Nosso desejo é aumentar o plantel, criando mais cabras para produzir leite. A criação de cabra mudou a vida de minha família”, afirma. Ele foi enfático ao dizer que tudo o que possui hoje deve ao apoio do governo, por meio da Emater, e também, ao Plano Brasil Sem Miséria, que deu um novo rumo às suas atividades no sítio, a partir dos recursos financeiros recebidos e da assistência técnica.
O agricultor explicou que há dois anos, quando decidiu ampliar a criação de cabras, teve o apoio dos extensionistas da Emater em São José dos Cordeiros que, ainda hoje, quando necessário, estão orientando na condução de suas atividades. “Para conseguir trabalhar e criar no Cariri sem assistência técnica é difícil. Criar como antigamente, não é mais possível. Hoje a criação é mais rápida devido ao manejo adequado”, diz. Para ele, nos últimos tempos, os agricultores estão sendo tratados por igual, seja nos bancos ou com a presença dos técnicos.
Para o extensionista Ismar Vilar, chefe da Unidade Operativa da Emater em São José de Cordeiros, o trabalho executado por Paulo Morais tem sido proveitoso porque ele segue corretamente as orientações. “Esse é o segredo do seu sucesso”, acredita. “Tudo no sítio dele funciona com exatidão porque segue as recomendações, participa das capacitações e quando tem uma dúvida logo recorre à assistência técnica”.
Para o técnico, o PBSM mudou em 100% a vida do agricultor, assim como ocorre com outros no município, e na região ele serve de modelo para outras famílias. Pelo que aprendeu nestes anos de acompanhamento dos técnicos da Emater, ele próprio se dispôs a transferir seus conhecimentos para seus vizinhos.
Paulo Morais tem no sítio manejo organizado de convivência com o semiárido, sabendo guardar as reservas de ração animal para o período de estiagem, como é também criterioso no uso dos recursos hídricos disponíveis, inclusive usando de forma racional para pequena irrigação. Na propriedade plantou palma resistente à cochonilha-do-carmin, usando as mudas produzidas pela Emepa, e mantém plantio de sorgo.
Também estimula o cultivo de umbu como mais uma alternativa de renda para as famílias que residem na região. Para fazer o replantio com os agricultores da redondeza, aceitou que a Emepa implantasse um “jardim clonal” para a produção de mudas de umbu anão.
Para o secretário de Agricultura do Município, Jefferson Roberto do Nascimento, que também é vice-prefeito, Paulo Morais é um produtor rural que vem sendo acompanhado pela Emater desde o ano de 2008 e que os financiamentos do Pronaf que recebeu deram um impulso nas suas atividades. “Mas foi o Plano Brasil Sem Miséria que consolidou o trabalho dele. É um agricultor consciente que serve de modelo para outros da região. É uma referência”, diz.
Para o secretário, o agricultor tem um novo padrão de vida a partir da assistência da Emater e dos recursos recebidos. Além dos extensionistas da Emater, ele e outros agricultores têm acompanhamento da médica veterinária Petruhska Bezerra, da prefeitura municipal, trabalhando em parceria.