Grampos da Polícia Federal, feitos com autorização do juiz federal Sergio Moro, indicam que a presidente Dilma Rousseff agiu para evitar a prisão do ex-presidente Lula pela Lava Jato, nomeando-o Ministro da Casa Civil. O juiz Moro incluiu hoje no inquérito que investiga o ex-presidente um audio em que Dilma telefona para Lula – o número discado é de um assessor do ex-presidente, usado frequentemente por ele e o único grampeado, segundo os autos – e explica que encaminhará a ele um “termo de posse”, a ser usado “em caso de necessidade”. O cargo de ministro concede ao seu ocupante foro privilegiado, no Supremo Tribunal Federal (STF). O diálogo foi gravado hoje às 13h32.
Pouco mais tarde, por volta das 16h, Dilma Rousseff concedeu entrevista coletiva em que negou enfaticamente que a nomeação de Lula tivesse por objetivo garantir-lhe o foro no STF e tirar seu caso da alçada de Moro. Dilma afirmou que a transferência do processo de Lula para o Supremo não lhe traria qualquer proteção especial e qualquer ideia em contrario seria mera intriga das “oposições”, incomodadas com a ideia de que o retorno do ex-presidente ao Palácio do Planalto fortaleceria o seu governo.
“Então, por trás dessa afirmação de que seria se esconder, estaria uma desconfiança da Suprema Corte do país? É isso que as oposições querem colocar? A única diferença que existe em ser investigado na primeira instância ou na última é quem é a corte que manda investigar. Prerrogativa de foro não é impedir a investigação, é fazê-la em determinada instância e não em outra”, afirmou Dilma.
Dilma – mais uma vez deixando de lado o figurino de presidente para assumir o de juíza – prosseguiu dizendo que toda a investigação em torno de Lula era “muito estranha”, uma vez que ele já havia negado ser proprietário do tríplex no Guarujá e do sítio em Atibaia, e que essas suas explicações deveriam ser consideradas “suficientes”.
A divulgação do audio desmente o seu discurso.